Em valores corrigidos pelo IGP-M, o escândalo de corrupção conhecido como Lista de Furnas equivaleria hoje a R$ 108,2 milhões, que vazaram dos cofres públicos para o ninho tucano.
Todos os indícios apontam que o escândalo de Furnas foi um esquema de caixa 2 montado para financiar campanhas eleitorais do PSDB e de aliados tucanos nas eleições de 2002. Funcionava a partir de licitações superfaturadas da empresa Furnas Centrais Elétricas S.A., firmadas com empresas terceirizadas.
Na última terça-feira (25), a confirmação do doleiro Alberto Youssef, durante acareação na CPI da Petrobras, de que o Aécio Neves (PSDB-MG) – então candidato ao governo de Minas Gerais em 2002 – recebeu dinheiro de Furnas reforça a necessidade de o episódio ser devidamente investigado pela Polícia Federal (PF) e pela Procuradoria Geral da República (PGR), e de seus beneficiários serem responsabilizados e punidos.
Em resposta ao deputado Valmir Prascidelli (PT-SP) durante a acareação, Youssef confirmou que Aécio foi sim um dos beneficiários do esquema. “Eu confirmo por conta do que eu escutava do deputado José Janene, que era meu compadre e eu era operador dele”. O doleiro já havia apontado o tucano como recebedor da propina durante deleção premiada à Justiça.
Uma das provas mais contundentes do esquema é a própria Lista de Furnas, cuja autenticidade foi por muito tempo questionada pelo tucanato. Num total de cinco páginas, figuram lá os nomes de 156 políticos com os respectivos valores que teriam recebido dos desvios da companhia de geração e transmissão de energia. Além de Aécio Neves, estão na lista José Serra e Geraldo Alckmim, que também concorriam em 2002 a cargos majoritários.
A lista foi um dos documentos anexados à denuncia feita pela procuradora federal Andréa Bayão, que pediu em 2012 o indiciamento de 11 pessoas envolvidas no esquema. A procuradora se baseou em relatórios da Polícia Federal, que realizou perícias e concluiu não haver evidências de montagens. Na lista, consta a assinatura de Dimas Fabiano Toledo, que era diretor de Planejamento, Engenharia e Construção de Furnas. A PF evidenciou também existir “diversas convergências” entre a assinatura presente no documento e as que foram fornecidas para comparação.
À época da denúncia, o juiz federal Roberto Dantes de Paula declinou da competência para julgar o caso, sob o argumento de que a estatal Furnas é uma empresa de capital misto e que, por esse motivo, a denúncia deveria ser analisada pela Justiça estadual do Rio de Janeiro.
A partir das declarações do doleiro Youssef, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) reforça o argumento segundo o qual a Procuradoria-Geral da República precisa ser coerente na sua linha investigatória.
“A delação premiada não é prova, mas é indício que merece uma investigação. Portanto, as informações que o Youssef traz sobre o Aécio são do mesmo nível de consistência daquelas que serviram para que a Procuradoria Geral da República abrisse investigação sobre outros parlamentares citados. Então, é isso que nós exigimos”, argumenta o deputado.
Do PT na Câmara