O ator, direitor e ex-presidente da ex-presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Sergio Mamberti, não classifica os ataques do governo Jair Bolsonaro à diversidade cultural como retrocesso, mas como uma regressão. Ele afirma que os artistas, desde o impeachment de Dilma Rousseff, não enxergam mais conquistas, mantendo-se apenas na resistência contra a censura e cortes de verbas.
Em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, nesta segunda-feira (7), Mamberti disse que Ministério da Cultura só não acabou, no governo Temer, porque houve luta. “Nós gritamos, mas quase foi extinto por duas vezes. Enquanto no período Lula e Dilma, houveram grandes avanços de recursos e políticas públicas implementadas na cultura”, relembrou.
Apesar dos passos para trás dados por Temer, os tempos sombrios pioraram com Jair Bolsonaro. “Nós saímos do tempo áureo, após 13 anos, para uma regressão, principalmente nas conquistas sobre liberdade de expressão. A gente vê a Funarte censurando conteúdo e a Caixa Econômica repetindo isso, fazendo censura prévia”, lamentou.
Para ele, o atual momento é difícil, mas os artistas não podem baixar a guarda. “A liberdade de expressão é a nossa luta e o artista é libertário por natureza. Durante a ditadura, os artistas de teatro tiveram uma posição de vanguarda, tendo a vida ameaçada, mas sem deixar de se manifestar.”
O ator foi responsável pela reestruturação do Ministério da Cultura, durante o governo Lula, sendo o primeiro secretário da Identidade da Diversidade Cultural no mundo. Anos depois, Sergio vê o governo federal hostilizando a diversidade cultural e religiosa: “Nós somos cidadãos brasileiros, temos liberdade e a Constituição garante essa possibilidade de nos expressarmos livremente. O Estado é laico, o Brasil é plural nas religiões e todas precisam ser respeitados”.
Mamberti observa ainda que o diretor da Funarte, Roberto Alvim, ofendeu a atriz Fernanda Montenegro chamando-a de “sórdida” e “mentirosa”, e se diz triste com a fala do diretor. “A Fernanda tem um apreço tão grande, dedicou sua vida toda para a arte e não merece essa ofensa a ela. Ela é uma mulher que já defendeu a Lei Rouanet, foi atacada, e nem assim deixou de se manifestar”, finalizou.