Da Redação, Elas Por Elas
Desde a madrugada do último domingo, 6, Manaus e diversos municípios do Amazonas foram invadidos pelo crime organizado do tráfico de drogas. Depois de duas noites de ataques incendiários, o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), solicitou a intervenção da Força Nacional do governo federal para conter a onda de violência na capital amazonense.
“Atearam fogo em ônibus de linha urbana, casas, carros,UBS´s, viaturas da Policia Militar e Civil, bancos e até delegacias foram depredadas. Os ônibus urbanos ficaram fora de circulação. As organizações criminosas do tráfico estabeleceram toque de recolher e não foi repudiado com veemência pelo governo do Amazonas. Todos ficamos à mercê dos traficantes, presos em suas casas com medo de sair às ruas”, relata a secretária estadual de mulheres do PT Amazonas, Miracelma Souza.
Os ataques aconteceram em retaliação à morte de um dos líderes do tráfico, Erick Batista Costa, o Dadinho, que morreu em troca de tiros com a Polícia Militar do Estado, na noite de sexta para sábado.
” Exigimos segurança a todos os habitantes de Manaus e do Estado do Amazonas, pois, estamos presos em nossas casas e o crime organizado determinando o que e como devemos fazer e como se comportar”, salienta Miracelma.
Hoje, a prefeitura de Manaus dispensou as aulas presenciais e as atividades administrativas da prefeitura ocorrerão somente no formato online. Lojas do comércio funcionam em horário reduzido e fábricas suspenderam o terceiro turno, como medida de cautela. Esse caos se soma a outras intempéries que a região vem atravessando no último período.
“Manaus tem passado por várias grandes crises nos últimos anos, crise do Covid, com falta de oxigênio, desemprego, cheia do rio, por fim, a cidade feita de refém de bandidos e o presidente ainda quer vir passear de moto e fazer aglomeração”, denuncia Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT, sobre o ato que Bolsonaro organiza na região, enquanto o caos se instaura.
De fato, o “centro do mundo”, como é chamado o Amazonas, passou por diversos desafios desde a ascensão do governo Bolsonaro e o recrudescimento da pandemia — fazendo da região palco central da disputa política e ideológica do conservadorismo. Além da crise sanitária, de saúde pública, e da dinâmica das águas, a região ainda enfrenta o desmatamento desenfreado, os ataques ao meio ambiente e aos modos de vida das populações indígenas e ribeirinhas.