Em uma avaliação das últimas doze semanas de três dos mais importantes jornais impressos do país, o site Manchetômetro colocou em gráficos as reportagens, editoriais e textos opinativos da “Folha de S. Paulo”, do “O Globo” e do “Estado de S. Paulo” e fez uma avaliação sobre o viés da imprensa brasileira em relação ao governo e ao Partido dos Trabalhadores. Os gráficos gerados mostram a disparidade das matérias contrárias ao governo e ao Partido dos Trabalhadores em relação as de outros partidos políticos.
O cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Michel Zaidan relembra notícias publicadas pelos jornais na área de economia em que todos os indicadores econômicos e as análises são apenas negativas.
“Dilma tem sido muito prejudicada pela cobertura da imprensa brasileira. Até quando a agenda é positiva, como o ajuste fiscal e o programa de concessões, eles não perdoam, não abrem espaço para a agenda positiva da presidenta”, afirma.
Enquanto são divulgadas 21 reportagens contrárias ao PT nos jornais impressos, apenas cinco criticam os demais partidos. Em relação a presidenta Dilma, o Manchetômetro mostra que, nestas doze semanas estudadas, 24 textos críticos foram escritos contra apenas dois favoráveis.
Michel Zaidan lembra que desde a campanha para a reeleição a presidenta Dilma Rousseff não tem tido apoio e boa vontade dos meios de comunicação. Segundo ele, esses veículos são empresas privadas e tem interesses próprios, muitas vezes contrários aos do governo, além de grandes dívidas tributárias com o governo federal.
Há empresas de comunicação com dívidas financeiras e outras envolvidas em esquemas de corrupção, como o último escândalo com a FIFA e as denúncias noticiadas na Operação Zelotes.
“Esses veículos se comportam como as empresas privadas que são e para defender seus interesses costumam jogar pesado. Não podemos esperar que elas formem cidadãos porque elas formam consumidores”, afirma Zaidan.
No caso mais recente, a ida de senadores da República à Venezuela, de acordo com o cientista político, foi caracterizada por uma ingerência da oposição e produziu trunfos para eles e críticas para Dilma.
“A repercussão dessa viagem foi amplamente favorável a oposição e na realidade essa agenda era para ter sido questionada. Ela não era oficial e provocou uma repercussão extremamente negativa para o governo brasileiro”, explica.
“Não precisa nem ter um Manchetômetro para ver que há um viés extremamente negativo e contrário a presidenta e ao partido”, completa.
Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Notícias