“Eu me lembro do Lula desde sempre, porque, em 89, quando ele foi candidato a presidente, eu tinha 7 anos. Não lembro de mim sem lembrar do Lula. Ele é uma das poucas pessoas que quanto mais a gente conhece, mais admira e gosta.”
A afirmação é de Manuela D’Ávila (PCdoB), candidata a vice-presidenta na coligação “O Povo Feliz de Novo”. Como deputada federal, ela fez parte da base parlamentar do segundo governo de Lula e agora está incumbida de levar suas ideias ao povo brasileiro, junto com candidato a Presidente Fernando Haddad (PT).
Com extensa trajetória política, Manu pode ser a primeira mulher a ocupar a Vice-Presidência da República no Brasil. De imediato, ela rechaça a ideia de “cargo decorativo” e afirma se tratar de “um espaço de política, de construção de um projeto sacramentado pelas urnas em parceria com o presidente.”
Feminista, comprometida com a luta das mulheres e da juventude desde a adolescência, Manuela assumiu o compromisso de reconstruir espaços, retomar políticas interrompidas pelo golpe e fortalecer o protagonismo das mulheres na agenda política do País, conforme previsto no Plano de Governo da coligação.
“As mulheres sentem muito mais a falta do Estado, em especial na crise. A creche que falta, o posto de saúde que não tem, a demissão frequente depois da licença maternidade. Então, quando as mulheres ocupam o poder, elas olham de forma muito mais generosa para isso, e faz toda a diferença”, pontua Manu.
A disparidade de representação de gênero nos espaços de poder também é destacada por Manuela como um desafio que precisa ser enfrentada, de modo que a participação efetiva das mulheres nas instâncias de decisão seja assegurada.
“Quando falamos em mulheres ocupando espaços de poder, não é só a chance de participar, mas a oportunidade real de ocupar o poder. Não é mais admissível que sejamos mais de 50% da população votante e ocupemos apenas 10% das cadeiras do parlamento”, completa a candidata.
Aos 37 anos, a gaúcha de Porto Alegre (RS) tem um currículo de causar inveja a muitos políticos. Militante do movimento estudantil, participou da direção da União Nacional dos Estudantes (UNE), se tornou a vereadora mais jovem da história de sua cidade natal, com 22 anos, e foi a deputada mais votada do Rio Grande do Sul em três ocasiões, sendo dois mandatos para a Câmara Federal e um para a Assembleia Legislativa do estado.
A trajetória política, no entanto, não é antídoto para o machismo e a misoginia que permeiam os espaços políticos e sociais, de modo geral. Mesmo ocupando posições importantes no Parlamento, como a de líder de bancada do seu partido em Brasília, de presidenta da Comissão de Direitos Humanos e de relatora do Estatuto da Juventude, como cita a candidata, os julgamentos e ataques machistas nunca cessaram.
“Imagina que vivi oito anos da minha vida em um parlamento que tentou implementar, por exemplo, que o fundo partidário destinado às candidatas pudesse variar de 5% a 15%, sendo elas 30% da nominata. Sem o menor constrangimento, parlamentares defendiam essa disparidade de direitos políticos”, lembra Manu.
Além de ser atuante politicamente, Manuela também exerce a maternidade de forma ativa. Mãe da pequena Laura, de três anos, fruto de seu casamento com o músico Duca Leindecker, a candidata reconhece que, apesar de sua rotina ser atribulada, esse é um privilégio que não alcança a grande maioria das mulheres brasileiras.
“Tenho um marido que divide as tarefas de cuidado dos filhos e da casa comigo, tenho creche para minha filha, tenho acolhimento das pessoas quando viajo com a Laura, em especial das mulheres, que se sentem à vontade para também levarem os filhos. A vida da maior parte das mulheres é muito mais difícil que a minha”, finaliza Manu.
Por Geisa Marques, da Comunicação Elas por Elas