Natural de Cariacica, no Espírito Santo. Ana Perugini saiu de sua cidade natal, na década de 70, para ir morar no interior de São Paulo. Professora, advogada por formação e servidora licenciada do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Ana iniciou sua trajetória nos movimentos sociais da década de 1980, na defesa da agricultura familiar e nos movimentos de comunidades Eclesiais de Base, a CEB. Eleita, em 2004, a vereadora mais votada da história do município de Hortolândia, no inteiro paulista, está em seu quarto mandato legislativo consecutivo, o primeiro na Câmara dos deputados, onde é a única mulher da bancada do PT Paulista.
Para Ana Perugini, Brasília é um cenário novo e adverso. “O mandato de deputada federal é um mandato novo, a realidade de Brasília ela é adversa, é diferente daqui da realidade da Assembleia Legislativa [São Paulo] (…) É um momento de bastante dificuldade dentro do parlamento”, explica.
Empunhando a bandeira da educação, a deputada comentou a proposta de Alckmin para “organizar o ensino no estado de São Paulo”, que na sua opinião é uma ‘desorganização’, e frisou que o governo do Estado não considerou as necessidades das famílias e não dialogou com a comunidade escolar. “Em um momento que o país está passando por uma dificuldade, não se levou em consideração a necessidade de trabalho das pessoas e o fato de que as pessoas precisam levar os seus filhos até as escolas e o que é o pior, e que eu acredito que é pior: é ir na contramão da história da constituição de 88, até chegar ao estatuto da cidade (…) O Plano Nacional de Educação fala da gestão democrática da educação. Então, não houve de fato um diálogo com a comunidade escolar”, destaca.
Segundo Ana Perugini, a marca do governo de São Paulo é a falta de dialogo. “Se não houver a interação de governo e da comunidade escolar, nós vamos estar de longe passando dessa democracia, dessa gestão democrática, como preconiza hoje o plano nacional de educação. Então, aí vem uma questão que é importante colocar que não se trata de um lado situação ou de oposição, porque eu acredito que o ser humano é passível de erros, erros e acertos, e erros podem acontecer aos montões. O que nós não podemos fazer é, de maneira nenhuma, deixar de conversar e a marca do governo de aqui em São Paulo é a falta de diálogo, é o autoritarismo essa é a grande marca”, frisa.
Muito preocupada com a crise de água no estado de São Paulo, a deputada avalia que a Sabesp prefere o lucro em detrimento à sua função que é levar água para a população. “O principal olhar dessa empresa hoje, sob a gestão do governo tucano, é lucro. Eu entendo que quando se trata de educação, quando se trata de oxigênio, quando se trata de água, nós não podemos visar primeiro o lucro. Nós precisamos visar primeiro a condição da vida humana e o que acontece com essa empresa, essa empresa não cuidou nem do esgoto, ela não cuidou das perdas de água, ela não cuidou disso e nem das despoluições dos nossos rios. Hoje nós estamos pagando a água muito cara e nós estamos sem ter de onde tirar a água. Essa é a grande questão”, ressalta.
Para a deputada, a atual conjuntura exige reflexão. Ao usar uma metáfora, ela explica que todos irão passar por um grande momento de decisão. “É um momento de muita politização no seio da sociedade, acredito que este é um momento de crise e crise é um momento de gravidez. Só precisamos decidir o que vamos parir”, diz ela.
Ao final, em seu recado à militância, a deputada destacou a necessidade de dialogar e pregou o amor. “Nós precisamos nos amar, nós não podemos nos maltratar, nós podemos criticar, mas nós estamos no mesmo lado e, para isso, nós precisamos nos ouvir, sempre relevando as coisas que podem ferir, mas acreditando que no momento difícil nós vamos estar sempre juntos. Por que, por mais difícil que foi o nosso passado, o futuro com certeza é melhor e será melhor”, conclui.
Por Elineudo Meira, do site Linha Direta