Imagino como deve estar sendo muito difícil para a mulher que preside nosso País, Dilma Rousseff, olhar para as fotos das manifestações ocorridas nas ruas no dia 15 de março – e amplamente reproduzidas pelas mídias tradicionais e sociais – cartazes com dizeres como “Intervenção Militar Já! Brasil exige ordem e progresso”. Ou, outros, pedindo a intervenção norte-americana com frases em inglês; ou pedindo o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), a destituição de um governo eleito nas urnas, e, ainda, ofensas pessoais, que me recuso a reproduzir aqui.
Deve estar doendo muito em Dilma Rousseff ver parte de seu próprio povo submerso num mar de machismo, fascismo e alguns até adulando Adolf Hitler. Justo ela, que foi presa e torturada por defender a democracia e a liberdade de expressão. Imagino como estão se sentindo sua filha Paula, e sua mãe Dilma, porque o incitamento e as manifestações de ódio nas ruas querem ferir não a presidenta, mas sim à mulher Dilma, sua alma, sua autoestima. Tudo isso revela mais que uma disputa política inserida na pauta de um pretenso terceiro turno, revela a intolerância contra a mulher ainda viva na sociedade.
Sinto que as manifestações abriram uma válvula de escape do mais inconfessável e reprimido orgulho machista – manifestado também em muitas mulheres; da mais inconfessável mesquinhez. Algo que, feito contra outra mulher, outro ser humano, desencadearia processos por ofensa moral e reprimendas públicas a seu autor ou autora. E não critico o ato de protestar, de manifestar-se contra políticas de governo, contra a corrupção. Nada disso. Muitas vitórias vieram de protestos, da força da ação coletiva, da luta dos trabalhadores e dos movimentos sociais. Protestar é da alma da democracia.
Por isso me solidarizo com a senhora, presidenta (flexão do gênero que também causa incômodos), contra o linchamento que pretendem protagonizar. E digo mais: a senhora sairá mais forte deste processo. A senhora, presidenta, é uma mulher corajosa e guerreira, nossa inspiração. Suas defesas são seus ideais de igualdade, de liberdade, de justiça social e ética.
A sua coragem de seguir pensando no coletivo, naqueles que buscam um futuro digno, é sua aliada inseparável, por mais que queiram lhe subtrair isso. Por mais que queiram abatê-la.
Defenda suas convicções, defenda a democracia, defenda a reforma política, defenda os programas sociais, defenda o diálogo, a participação popular; defenda o pré-sal, defenda a Petrobras, defenda a honra e a dignidade da Nação; defenda a educação, a saúde; os movimentos sociais, defenda seu partido, porque estamos todos juntos, onde quer que estejamos, defendendo a soberania deste País lado a lado com a senhora.
Márcia Lia é deputada estadual pelo PT-SP