Publicada em 1933, a obra-prima do sociólogo Gilberto Freyre sobre o desequilíbrio das relações sociais entre brancos e negros no Brasil ainda é, infelizmente, bastante atual.
Os dados mais recentes da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um abismo entre a diferença de salário entre brancos e negros, no País.
Assim, em 2015, os trabalhadores negros ganharam, em média, 59,2% do rendimento dos brancos.
Trata-se de uma herança direta da escravidão, uma relação de trabalho mantida, ainda, pelo preconceito e pela usurpação de direitos de uma parcela majoritária da população brasileira.
No País da falsa democracia racial, onde tanta gente levanta a voz cheia de ódio para bradar contra a política de cotas, os dados da PME são um choque fundamental de realidade.
Por isso sobre eles, os números, que devemos nos debruçar para buscar uma solução para essa triste herança social da qual, 128 anos depois da abolição formal da escravidão no Brasil, ainda não nos livramos.
Marcia Rosa é prefeita de Cubatão pelo Partido dos Trabalhadores