O Brasil tem a mais ampla cobertura vegetal da terra, a maior biodiversidade do planeta e o maior potencial de água doce do mundo. Esse patrimônio que ajuda a promover o equilíbrio do clima, que fornece matéria-prima para a indústria farmacêutica e que compõe a mais completa fauna e flora existente, corre risco.
O desmonte do sistema nacional de meio ambiente, o esvaziamento das instituições de estudo, pesquisa e monitoramento que estão em curso no governo Bolsonaro, bem como a escalada da destruição ambiental, com o aumento do desmatamento e das queimadas, atentam contra esse patrimônio natural.
O desmatamento esse ano cresceu 278% em relação ao ano passado. Só no mês de julho cresceu 66% em relação a julho de 2018. As queimadas aumentaram 82% em 2019, se comparado com 2018, sendo 52% delas no bioma amazônico.
A atitude do governo Bolsonaro frente a esse desastre é uma espécie de liberação para grileiros, bandidos, milicianos agirem, promovendo incêndios e destruição das florestas, invasões de unidades de conservação, aldeias indígenas e áreas quilombolas.
Esse é o maior cerco à política ambiental da história recente do Brasil. Nos últimos anos, em especial nos governos de Lula e de Dilma, foi colocado em prática um arcabouço legal consistente e avançado que incluiu, por exemplo, a Lei da Mata Atlântica e ações contra as mudanças climáticas como a proteção à caatinga, combate ao desmatamento da Amazônia e a alteração do código florestal, buscando o equilíbrio entre agronegócio e a proteção dos recursos naturais.
Foram implantadas políticas públicas de proteção da natureza e de desenvolvimento sustentável com participação popular, parcerias com o terceiro setor, com países e organismos internacionais, como a criação do Fundo da Amazônia, que captou recursos indispensáveis ao combate ao desmatamento e incêndios florestais, dentre outras.
O prejuízo ao país com a reversão dessas políticas, provocada por Bolsonaro, não afetará apenas o meio ambiente, o que por si só já exige da sociedade uma reação, mas também afetará duramente a economia.
Certamente o Brasil vai entrar numa zona de sanções internacionais aos produtos brasileiros. O mercado internacional não vai aceitar comercializar um boi que engorda com a destruição da floresta amazônica, a soja que cresce a partir do desmatamento do cerrado e do pantanal, nem o mineral extraído com o tombamento de reservas legais da mata atlântica e da Amazônia.
O que o governo Bolsonaro está fazendo com o ambiente natural brasileiro, em especial com a Amazônia, é um crime contra a vida, o país e contra a humanidade.
Márcio Macêdo é Vice-presidente nacional do PT e Biólogo e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe