A candidata Marina Silva (PSB) mentiu ao falar de seu trabalho à frente do Ministério do Meio Ambiente (MMA) em duas oportunidades. Levantamento realizado pelo portal Agência Pública confronta declarações inverídicas da candidata e comprova a pouca confiabilidade nas informações apresentados por ela.
Durante propaganda eleitoral veiculada no dia 16 de setembro, Marina acusou o atual governo de dar pouca importância ao combate do desmatamento da Amazônia. Entretanto, a informação não procede. Após Marina deixar o ministério, em maio de 2008, o desmatamento continuou a cair de forma considerável.
Cerca de um ano após Marina assumir a pasta, o desmatamento da Amazônia Legal atingiu a marca de 27.772 km². Este foi o segundo maior índice da história já registrado, segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Reduzido nos anos seguintes, voltou a subir em 2008, pouco antes da candidata deixar o cargo.
Durante o governo da presidenta Dilma Rousseff, a média de desmatamento por ano foi de 5.627 km². Essa foi menor marca entre os governos Lula, tendo sido registrado 21.617 km² de desmatamento no primeiro mandato e 9.757 km² no segundo; e do governo FHC, com 19.458 km² no primeiro mandato e 18.825 km² no segundo.
Quando ministro Carlos Minc esteve responsável pela pasta, até meados de 2010, a média de desmatamento foi de 7.000 km2. Quando foi sucedido por Izabella Teixeira, atual ministra do Meio Ambiente, o desmatamento da Amazônia atingiu a marca de 4.571 km2.
Outra inverdade reproduzida pela campanha de Marina Silva foi veiculada no dia 6 de setembro, durante inserção na propaganda eleitoral obrigatória. Ao tentar elencar as qualidades da candidata, o locutor fez a seguinte declaração: “Quando ministra do Meio Ambiente, [Marina] comandou um trabalho integrado de 14 ministérios, e o desmatamento na Amazônia diminuiu pela primeira vez na história”.
Ambas declarações são mentirosas. Nem Marina comandou o grupo de 14 ministérios, nem o desmatamento diminuiu pela primeira vez na história quando ela era ministra.
Em 2003, um decreto presidencial criou o Grupo Permanente de Trabalho Interministerial para desenvolver estratégias e coordenar ações para reduzir o desmatamento na Amazônia Legal. No entanto, o responsável por coordenar os trabalhos era o titular da Casa Civil da Presidência. O cargo na época era ocupado por José Dirceu, que ficou responsável até 2005.
Somente a partir de 2013 o grupo passou a ser coordenador pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio do decreto 7.957/13. Isto é, se Marina Silva foi ministra de 2003 a 2008, ela jamais poderia ter comandado esse trabalho.
Outra inverdade é que o desmatamento reduziu pela primeira vez quando Marina era responsável pelo ministério. Segundo a série histórica do Inpe, por sete antes de Marina ser ministra, houve redução no desmatamento.
A primeira foi em 1989, quando o desmatamento passou de 21 mil km² por ano a 17,7 mil km². Depois, em 1990, houve uma redução de 17,7 mil km²/ano para 13,7 mil km²/ano) e em 1991, de 13,7 mil km²/ano para 11 mil km2/ano.
Em 1996, houve uma redução de 29 mil km²/ano para 18,1 mil km 2/ano). Em 1997, de 18,1 mil km²/ano para 13,2 mil km²/ano). Já em 1999, passou de 17,3 mil km²/ano para 17,2 mil km²/ano) e 2001, de 18,2 mil km²/ano para 18,1 mil km²/ano).
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias