A campanha de Marina Silva (PDB) à presidência promete um pacote de alterações em seu programa de governo, caso a candidata chegue ao segundo turno. As demandas são do empresariado e, principalmente, do mercado financeiro.
Não foram anunciadas alterações para atender a movimentos sociais, sindicatos de trabalhadores, comunidades tradicionais ou minorias.
O debate em torno do programa da candidata do PSB foi marcado pela mudança feita horas depois da divulgação da primeira versão, quando, a pedido de uma liderança religiosa, Marina voltou atrás na defesa do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.
Para os empresários, o pacote de intenções da candidata ainda é considerado generalizado e pouco elucidativo. Espera-se mudanças de teor ortodoxo, especialmente para a política fiscal e tributária.
Essa constante reconstrução do plano de governo foi criticada na segunda-feira pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, a aliança programática de Marina, “escrita por 500 mãos é uma colcha de retalhos”. Essa foi também a mesma estratégia adotada por Fernando Henrique Cardoso, em sua campanha em 1994.
“Esse negócio de pedir para cada um falar um pedacinho das coisas que vão acontecer nesse País não é certo. Afinal de contas, o País é grande, mas não é uma colcha de retalhos que pode ser subdividido em centenas de interesses”, criticou Lula durante ato em defesa do Pré-Sal.
Agronegócio – Para atender ao grupo que a cerca, cada vez mais Marina Silva está se distanciando de suas convicções ideológicas. O diálogo mais próximo e suscetível ao setor do agronegócio é visto com receito. Antes crítica contumaz da produção agropecuária e pela posição contrária ao Novo Código Florestal, agora “diálogo”.
Na semana passada, o diretor global para assuntos corporativos da RF (antiga Brazil Foods), Marcos Jank, disse em entrevista que a candidata mudou de maneira considerável suas posições de quando era ministra do governo Lula. “A agenda de Marina com agronegócio tem muito mais convergência do que divergência”, disse.
Reuniões – “A orientação é começar a aprofundar, já preparando um plus, um programa de governo 2.0”, disse o ex-deputado federal Walter Feldman para jornalistas, após evento em São Paulo (SP), nesta segunda-feira (15).
Feldman é um dos coordenadores da campanha de Marina Silva e traz no currículo mais de 25 anos de campanha do PSDB, estando lado a lado dos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra.
A agenda dos interlocutores de Marina está repleta de encontro com empresários. Nas últimas semanas, os responsáveis pelo programa econômico da candidata realizaram encontros com clientes do Bank of America Merrill Lynch (BofA); com a Associação dos Lojistas dos Jardins (SP), Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e com a Câmara Americana do Comércio. Tudo isso na tentativa de esclarecer o que pensa a candidata e convencê-los sobre as flutuações de suas posições.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias