Um dos maiores problemas enfrentados pelas unidades de saúde localizadas em áreas de vulnerabilidade social é a alta rotatividade de médicos e profissionais. A Clínica da Família Hebert de Souza, localizada no subúrbio do Rio, conhecia bem estas dificuldades.
“A clínica fica situada em um território de divisa de facções do crime organizado, então, infelizmente, algumas vezes temos casos de conflitos armados no entorno, e isso é um fator que dificulta a permanência”, disse a gerente da unidade, Verônica de Oliveira Souto. Mas, segundo Verônica, a chegada de um médico cubano do programa Mais Médicos mudou a situação da clínica e o atendimento das quase 20 mil pessoas que são assistidas pela unidade.
O médico cubano Gregory Hector chegou à clínica em outubro de 2013, como profissional do Programa Mais Médicos, e humanizou o atendimento da clínica. “Todo o ser humano tem o direito a ter saúde com qualidade. E a nossa formação em Cuba é bem completa, em todos os aspectos, para trabalhar na comunidade”, disse. “A medicina familiar prega o intercâmbio íntimo com o paciente, e não só na parte biológica, mas também na parte psicológica, cultural, social e no contexto em que o paciente vive.”
Dona Vilma, moradora do Morro do Jumentinho, contou que a estava com dor no corpo, febre e dor de cabeça quando procurou uma outra unidade de atendimento: “Já tinha ido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), eles falaram que era uma virose, me deram uma dipirona e me mandaram para casa”, disse.
Ela explicou como foi o atendimento de Hector: “Ele me examinou toda, dedicou tempo para isso. Ele não é que nem os outros, que te olham e falam ‘é só uma virose’ e te mandam para casa. Em 64 anos que eu vou fazer, foi a primeira vez que eu tive um atendimento assim”.
Dona Vilma contou que depois do atendimento do médico ela melhorou: “Ele acertou na medicação. Tanto que com três dias que eu tomei eu já estava de pé, estava bem. Para mim ele foi meu melhor médico”, disse, enquanto recebia um abraço do médico.
O trabalho de Hector, como todo o Programa Mais Médicos, tem supervisão de uma universidade local, que oferece um apoio técnico e pedagógico ao programa, além de acompanhar o andamento do trabalho. O médico diz que o relacionamento interpessoal na clínica é muito bom. “Cada um me ensina uma coisa. Temos trocado muitas experiências e isso tem sido muito positivo”, avaliou.
Segundo o médico, a tuberculose, hipertensão, diabetes e HIV são doenças com maior incidência em sua área de cobertura.
Gregory Antonio Perez Hector se formou em Medicina em 1993, pela Universidade de Havana. Em 1997 fez especialização em Medicina Familiar, em Atenção Primária de Saúde. De 2003 a 2006, cumpriu missão internacional de saúde na Guatemala, onde trabalhou em aldeias indígenas. De volta a Cuba, trabalhou 8 anos em Medicina Familiar até ser chamado para integrar o programa Mais Médicos no Brasil. Gregory deve permanecer no país até outubro de 2016.
“A medicina não é só ter um hospital com todo o equipamento para que o paciente chegue já doente e você cure o paciente. Essa medicina também tem que existir, mas o trabalho do médico na atenção básica é importante para tentar evitar ao máximo esse agravamento”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do portal Notícias da América Latina e Caribe