O processo do mensalão tucano está parado na Justiça de Minas Gerais há um ano. Ele é movido contra o ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB). Segundo o Ministério Público, R$ 3,5 milhão de dinheiro público do governo do Estado foram desviados para a campanha à reeleição do tucano em 1998 .
O esquema começou a ser investigado em 2005 e dois anos depois, em 2007, a Procuradoria-Geral da República apresentou a acusação à Justiça. Após as denúncias, Azeredo ainda se elegeu como senador e deputado e sempre negou qualquer participação no esquema. O processo chegou a cidade totalmente finalizado após o Supremo Tribunal Federal (STF) devolvê-lo em primeira instância.
Para a deputada Margarida Salomão, esse fato ilustra que o Brasil tem praticado um debate com dois pesos e duas medidas para a corrupção. Segundo ela, escolheram para combater a corrupção denunciar o PT, criminalizar o PT e combater o PT.
“Isso é profundamente injusto. Os erros cometidos pelo Partido dos Trabalhadores devem ser identificados e punidos exemplarmente, mas nós não teremos avanço na democracia brasileira se as mesmas regras e a mesma severidade não forem aplicadas a todos os demais partidos políticos”, explica.
Além da demora, um novo empecilho atrapalha o julgamento. A 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, onde a ação tramita, está sem juiz titular desde o dia 7 de janeiro. O ocupante do cargo se aposentou. O Tribunal de Justiça de Minas deveria ter nomeado um juiz substituto nesta quarta-feira (25).
Com a demora, a chance do crime prescrever aumenta caso os acusados sejam condenados. O ex-governador Eduardo Azeredo pode se beneficiar. Ele completará 70 anos em setembro de 2018 e pode ter o crime prescrito ou a sentença reduzida caso seja condenado.
A deputada cita ainda que dados mostraram que as empresas cartelizadas que trabalharam para a Petrobras e que são alvo da delação premiada, contribuíram com mais recursos para o PMDB, depois para o PT e também para o PSDB, com valores muito próximos.
“Eu penso que nós devíamos cobrar da opinião pública brasileira, da mídia, que tem agido como poder judiciário, denunciando e condenando ao mesmo tempo, que a mesma severidade aplicada aos denunciados ligados ao Partido dos Trabalhadores, seja também aplicada aos demais partidos e, particularmente, aos tucanos que hoje posam de guardiães da moralidade pública”, afirma.
Na mesma Vara ainda tramita mais um processo ligado ao mensalão mineiro que tem como réu o ex-senador Clésio Andrade (PMDB). Clésio e Azeredo renunciaram aos seus mandatos na época, deputado e senador respectivamente, e perderam o direito de serem julgados pelo STF, que devolveu o caso em primeira instância.
Da Redação da Agência PT de Notícias