Partido dos Trabalhadores

Mercadante: Sem vacina para todos, impeachment deve voltar

Presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante critica falta de planejamento de Bolsonaro para enfrentar a pandemia do Covid-19. Ele avalia que o presidente subestima pressão popular para garantir a imunização geral. “Quando mais os outros países acelerarem a vacinação, mais difícil vai ser a situação do Bolsonaro e do governo”, avalia.

Wilson Dias/Agência Brasil

Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo

“O tema do impeachment voltará se a vacina não for assegurada e como direito de todos e um dever do estado brasileiro”. A afirmação é do presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante. Em entrevista ao programa DCM Ao Meio Dia, o ex-ministro da Casa Civil aponta que a forma como o governo de Jair Bolsonaro está conduzindo as políticas nacionais de vacinação contra a Covid-19 se tornarão um problema político e institucional.

Para Mercadante, Bolsonaro está subestimando a pressão popular que virá em torno da vacinação. “O tema da vacina é um tema que diz respeito à vida das pessoas e o governo tem obrigação de coordenar, planejar e assegurar”, aponta. Segundo o ex-ministro, a situação vai se agravar muito se não houver urgência na vacina, nem um cronograma de imunização em que as pessoas enxerguem que o Brasil está acompanhando as outras nações.

Ele embasou sua argumentação no fato de que a maioria dos países está iniciando o processo de vacinação contra o Covid-19. E pondera que quanto mais os outros países avançarem no processo de vacinação, mais difícil ficará a situação de Bolsonaro, que até agora não apresentou um cronograma de imunização para o conjunto da população brasileira. “Quando mais os outros países acelerarem a vacinação, mais difícil vai ser a situação do Bolsonaro e do governo”, ressalta. Mercadante destaca que Bolsonaro não planejou e ficou o tempo inteiro promovendo fake news, decidindo liberar dinheiro a três dias da eleição. “Ele não tem um plano estratégico de vacinação da população e isso vai gerar uma pressão brutal”, opina.

O ex-ministro lembra que o presidente só contratou vacinas para 10% da população junto à Organização Mundial da Saúde. “Bolsonaro fez um contrato muito baixo e agora estão correndo atrás no governo para fazer alguma coisa improvisada. Mas não é simples. Os outros países se anteciparam, contrataram, pagaram, foi produzido e vão receber. E o Brasil não fez nada disso, não comprou e nem planejou sequer as injeções para aplicação”, alerta. Ele comentou que enquanto os outros países avançavam no planejamento da vacinação, Bolsonaro brincava de inaugurar roupa, de fazer bobagem, os filhos de brigarem com a China.

Ortodoxia fiscal

Ele acredita que há um raciocínio e uma estratégia do governo Bolsonaro para não planejar o processo de vacinação no Brasil, que é a manutenção do teto de gastos. “A primeira providência é não votar o orçamento, nós vamos terminar 2020 sem ter um orçamento para 2021, o Congresso no máximo vai votar a LDO, a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Então, você não vai poder gastar, não vai poder fazer investimento, não poderá fazer novos programas”, explicou.

“Por trás disso está o quê? Conter as despesas de qualquer forma agora, que já passou a eleição”, ressalta. “O estelionato está feito, aí você precisa fazer de conta que não tem pandemia para não passar a ideia que toda essa política foi feita basicamente por conta da eleição”, destaca para reiterar: “E foi”.

O ex-ministro recordou que o governo Bolsonaro liberou R$ 56 bilhões para os municípios, fartas emendas a deputados da base aliada. Cada senador governista recebeu R$ 30 milhões de emenda, ao mesmo tempo em que o governo Bolsonaro retirou dinheiro da saúde. “Eles querem fazer um corte na saúde de R$ 31 bilhões”, alerta.

Mercadante também denuncia que o governo Bolsonaro esteja estimulando o movimento anti-vacina. “A obrigação é do Estado garantir, é do governo garantir a vacina”, lembra. “É essa é a obrigação que o país exige. Então, acredito que isso vai virar um tema social muito relevante e politicamente muito relevante”.

Da Redação