O governo de Minas Gerais transferiu a administração do aeroporto de Cláudio, construído em fazenda de um parente do senador Aécio Neves (PSDB), para a prefeitura da cidade. No entanto, o ato, firmado no dia 24 de junho, foi publicado apenas na última sexta-feira (21), cerca de cinco meses depois da assinatura do convênio.
Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), a demora na publicação do ato “levanta suspeitas”. O parlamentar encaminhou, ainda nesta segunda-feira (24), pedido ao Ministério Público Federal de Divinópolis com o intuito de cancelar o convênio que transferiu a responsabilidade do aeroporto à prefeitura de Cláudio.
De acordo com o registro no Diário Oficial de Minas Gerais, a partir da assinatura do convênio a exploração do aeroporto de Cláudio passaria a ser de responsabilidade da prefeitura local.
Denúncia publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo” no dia 20 de julho apontou que o governo mineiro gastou cerca de R$ 14 milhões para construir o aeroporto. A obra foi realizada durante o segundo mandato do tucano como governador de Minas Gerais.
Correia solicitou ao Ministério Público Estadual que sejam tomadas as providências necessárias para esclarecer os fatos em relação à construção do aeroporto de Cláudio. O parlamentar também requereu audiência pública na Assembleia Legislativa para debater e buscar esclarecimentos sobre os investimentos do governo na construção do aeroporto.
“É absurdo que até hoje não tenha ocorrido uma investigação séria sobre os acontecimentos em Claudio. O Governo de Minas transferiu a administração do aeroporto para a Prefeitura do município há cinco meses atrás e omitiu essa informação do povo mineiro, mesmo enquanto o aeroporto era alvo de denúncias e reportagens”, critica o deputado.
Correia reforça a necessidade de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa para apurar o fato. Ele ainda relembra o incêndio que atingiu um galpão da prefeitura de Cláudio, em agosto deste ano, após a denúncia sobre o aeroporto ter sido divulgada.
“A história ganha contornos de filme policial. Uma CPI é o mínimo que o povo de Minas Gerais sobre o caso”, defende Correia.
Investigação – O Ministério Público Federal de Minas Gerais, por meio da Procuradoria da República de Divinópolis, entrou com uma ação no dia 17 de outubro para apurar se Aécio Neves cometeu alguma ilegalidade na construção do aeroporto.
Além de ter sido construído em fazenda de parentes do ex-governador de Minas, o aeroporto funcionava sem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Para utilizar a pista, era necessário fazer o pedido aos filhos de Múcio Guimarães Tolentino, dono da fazenda e tio de Aécio.
Questionada sobre o andamento da ação, a assessoria de imprensa da Procuradoria não respondeu ao e-mail enviado pela reportagem até a publicação desta.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias