Partido dos Trabalhadores

Michel Temer é uma “margem de erro”, critica Lula

Ex-presidente deu entrevista para rádio da PB, e defendeu que Temer seja investigado, caso existam provas. Ele falou sobre o golpe e eleições de 2018

Reprodução

Lula fala ao vivo para a Rádio Arapuan da Paraíba

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender, durante entrevista à Rádio Arapuan, da Paraíba, o Estado Democrático de Direito. Durante a conversa, na tarde desta quarta-feira (5), Lula falou sobre as denúncias contra o golpista Michel Temer, a Polícia Federal, o Ministério Público e a mídia.

“Uma coisa importante que temos em conta é que sou defensor do Estado de Direito Democrático. Acho que a lei vale para todos, do mais humilde à figura mais importante de um país. É importante que as pessoas que fazem as acusações tenham provas materiais”, defendeu o ex-presidente Lula.

“As pesquisas demonstram que o Temer é uma margem de erro. Um cara que só tem 3% não tem nada”, avaliou Lula, em referência ao índice de aprovação de Michel Temer.

O ex-presidente também defendeu que a Polícia Federal e o Ministério Público não deveriam agir em função dos desejos de um meio de comunicação.

“Não se pode usar delação como prova porque tem muito delator mentindo. Inclusive os procuradores da Lava Jato estão em uma encalacrada porque se comprometeram com mentiras. No meu caso, já provei minha inocência, mas quero que provem minha culpa”.

Lula ainda falou que hoje o PMDB, o PSDB, Temer e e o senador Aécio Neves (PSDB) provam do veneno que eles mesmos usaram. “Estão colhendo tempestade porque plantaram vento. Esse país está com clima de intolerância porque eles semearam desde 2013. Eles venderam facilidade culpando o PT. Agora eles não resolvem com facilidade os problemas do país”.

“Agora acho que se tem uma denúncia e provas contra o Temer, quero que ele seja investigado”.

Transposição do São Francisco

Lula falou com orgulho da inauguração popular das obras de Transposição do Rio São Francisco na cidade de Monteiro, na Paraíba, no mês de março e disse que espera estar presente na inauguração do eixo norte das obras na Paraíba. Ele também comentou o esforço necessário para tirar o projeto do papel.

“Nós tivemos que fazer uma política muito forte que envolvesse os governadores, fazer um debate falando que o rio era nacional e que era necessário não negar a água para quem está com sede”.

“Provamos depois de 170 anos que era possível fazer a transposição e enquanto a gente não fazia a transposição, fizemos o programa das cisternas. Quando começamos, e a companheira Dilma terminou, inauguramos 1 milhão e 400 mil cisternas para diminuir o sofrimento do povo”.

“Estou ciente de que o problema não termina quando a água chegar. É preciso discutir administração, preço, quem vai se utilizar, mas não podemos esquecer do pequeno produtor rural, da área para gerar desenvolvimento, então ainda há um longo debate. A discussão vai acontecer de maneira concreta com a água chegando na casa das pessoas””.

“Acho que nós cumprimos a nossa parte. Era uma promessa, um sonho, um compromisso de fé que eu tinha de fazer a transposição do São Francisco e ela foi feita. Agradeço a Deus e ao povo brasileiro por compreender a necessidade de fazer essa obra para ajudar 12 milhões de nordestinos que moram no semiárido”.

Interesses no golpe

Questionado sobre o crescimento de manifestações que desestabilizaram o governo da presidenta eleita Dilma Rousseff justamente quando o Brasil ganhava protagonismo internacional e defendia a soberania nacional, Lula afirmou acreditar na ingerência de interesses externos no país.

“Eu sempre tive muitas dúvidas em relação a movimentação de junho de 2013, sempre tive dúvida da participação dos meios de comunicação, sobretudo as grandes redes de comunicação convocando na hora do almoço, no domingo. Me parece que tinha muitos interesses e o interesse principal era tirar o PT do poder”.

“Nós fizemos uma lei que devolvia o petróleo ao povo. A gente estava recuperando a indústria naval brasileira. A gente estava fazendo navio de 400 mil toneladas. Nós tínhamos aprovado a lei de conteúdo nacional para recuperar a indústria nacional e tudo isso faz parte do pacote que gerou o golpe”.

“Embora eu não veja terrorismo e infiltração em tudo, acho que tem muita gente grande interessada em derrubar o Brasil. O Brasil tinha protagonismo internacional, era respeitado nos Estados Unidos, Itália, Rússia, Alemanha. Já não era mais o país do futebol, era o país que tinha acabado com a fome, que os pobres tinham chegado a universidade. Esse país, que teve a maior ascensão da primeira década do século 21 no mundo, nenhum país fez o que Brasil fez em apenas 12 anos, e isso que fez com que muita gente trabalhasse para destruir o PT”.

O presidente ainda comentou o encontro do chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Westphalen Etchegoyen, com o chefe do posto da CIA em Brasília, Duyane Norman. “Acho que tinha interesse americano para que Brasil não desse certo, mas é achômetro, não tinha prova. Mas acho que quando chefe de um gabinete da República se reúne com agente da CIA, acho que se deveria dar resposta ao povo”.

Lula também defendeu a soberania por meio da proteção das fronteiras secas e marítimas. “Penso que tem gente fora do Brasil com interesse de que o Brasil não seja protagonista. Por isso o povo precisa entender que defender a soberania nacional é tomar conta da Amazônia, cuidar da fronteira marítima e da fronteira seca, é ter indústria nacional forte, é produzir navio de propulsão nuclear. O Brasil tem que ter responsabilidade com a fronteira que tem, com toda a costa e o pré-sal, precisamos de uma Marinha forte, bem preparada, para que a gente posa proteger o Brasil”.

Alianças e eleições

Para 2018, Lula garantiu que, se for escolhido pelo PT para disputar as eleições, irá construir uma aliança política, com compromisso programático do que se quer para o país. Ele também ponderou que não só o PMDB, mas outras siglas traíram a presidenta Dilma no golpe de 2016.

“A construção de alianças políticas vai depender de um programa para recuperar a economia brasileira. Não se pode fazer um programa de alianças como de 2010, mas não se pode pensar que um partido pode vencer sozinho. Sonho construir um bloco de esquerda”.

“Primeiro temos que ver se sou candidato, se o partido vai me lançar candidato, mas tenho convicção que o país é grande e problemático, temos que respeitar as forças regionais, mas o único partido nacional é o PT”.

“É uma coisa que tenho certeza que vamos encontrar as pessoas certas para governar o país, o que não dá é ver o povo sofrer. Isso que me causa tristeza. Esse país esteve a ponto de ser o maior motivo de orgulho do mundo pela inclusão do povo”.

“Nem falo mais em governar, falo que tenho vontade de ser presidente da República se o partido quiser, se meus amigos quiserem, se o povo aceitar, para cuidar desse povo. O rico não precisa do governo, quem precisa são as pessoas mais pobres, os sertanejos, os pedreiros, os motoristas, as pessoas que sustentam com a produção”.

Com relação ao pacote de medidas de austeridade implementadas pelo governo golpista de Temer, Lula disse que irá trabalhar dentro das possibilidades políticas, mas que se compromete com os direitos do trabalhador.

“Primeiro precisamos medir a correlação de forças após o resultado das eleições. Segundo você não vai ser eleito para ficar brigando com ex-governo. Briga para fazer o que tem que fazer. Sou defensor de que os trabalhadores têm que ter direitos trabalhistas, tem que ter as conquistas garantidas. Governo não pode gastar o que não tem, mas governo tem capacidade de endividamento, para investir o governo pode se endividar”.

Confira a entrevista na íntegra:

Da Redação da Agência PT de Notícias