A mídia ao redor do mundo está atenta à tentativa de golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e a perseguição judicial que tenta atingir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Veja o que está sendo publicado no exterior:
Portugal
Um artigo publicado pelo portal Público afirma que o juiz Sérgio Moro “avançou até ultrapassar todos os limites” e que a desestabilização política no Brasil está sendo liderada por juízes, “os que mais deveriam zelar pela serenidade”. A análise também acredita que as manifestações anti-Dilma tem índole abertamente fascista.
A publicação ainda diz que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes de sustar a nomeação de Lula como ministro-chefe da Casal Civil foi “uma ironia da história”.
“Mendes beneficiou-se do mesmo tipo de recurso quando era advogado-geral da União e o então Presidente Fernando Henrique Cardoso assinou medida provisória dando-lhe status de ministro, o que lhe garantia foro especial contra ações judiciais em primeira instância”, diz.
“Mas o que esperar de um magistrado cuja atuação lhe rendeu ‘o apelido de ‘líder da oposição’ no STF?”, termina o artigo.
Alemanha
Sob o título “Crise de estado no Brasil: golpe frio”, uma reportagem da revista semanal de notícias Der Spiegel, da Alemanha, analisou a crise política e a possibilidade de golpe em vigor no Brasil. O autor da reportagem, o jornalista Jens Glüsing, diz o que ocorre no País hoje é uma tentativa de “golpe frio”.
Para a revista, a manifestações de sexta-feira (18) a favor da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula quase não se viu discursos de ódio, enquanto nos protestos de domingo (13) havia “cada vez mais golpistas, extremistas de direita e intolerantes”.
O sucesso subiu à cabeça de Sérgio Moro, diz a Der Spiegel, e, agora, “o juiz faz política, o que não para ele”. A publicação também lembrou que acusados de corrupção terão o papel de julgar o impeachment de Dilma. “O fato de que tais figuras tenham um papel chave para derrubar uma presidenta que não possui nenhuma culpa anterior mina a legitimidade de todo o processo”.
“Lula não tem milhões na Suíça, como o poderoso presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha”, afirma.
Inglaterra
A tradicional revista britânica The Economist afirma que Sérgio Moro pode ter ido “longe demais”. “Liberar uma gravação de conversa em que uma das partes, não menos que a presidenta, que não está formalmente sob investigação e goza de forte proteção constitucional parece com uma violação da sua privacidade”, destaca a revista.
“No passado, o senhor Moro já pareceu algumas vezes ter ido longe demais na sua perseguição obstinada contra a corrupção”, diz The Economist.
A BBC, maior rede de comunicação da Inglaterra, considerou a semana passa como “a mais tumultuada semana na política brasileira desde a volta da democracia”, em 1985. A rede de comunicação lembrou que o Bolsa-Família tirou 40 milhões de pessoas da miséria.
A publicação diz que as manifestações contra Dilma são “quase exclusivamente brancas e de classe média” e que uma parte pede a volta dos militares ao poder. Em contrapartida, diz a BBC, nos comícios pró-governo, há multidões de pessoas de todas as cores que denunciam um golpe contra um governo democraticamente eleito.
Catar
Em longa reportagem, a Al Jazeera analisa o comportamento da imprensa na cobertura da crise política brasileira. A emissora lembra que cinco famílias monopolizam grande parte da mídia nacional: Marinho (Globo), Frias (Folha), Civita (Abril, dona da Veja), Saad (Bandeirantes) e Macedo (Record).
A emissora explica que a mídia tem trabalhado junto com o judiciário para desacreditar o governo e intoxicar a atmosfera política no País. “A mídia brasileira acusa muitas pessoas antes da conclusão da investigação”, afirma.
Da Redação da Agência PT de Notícias