A crise hídrica iniciada com a ocorrência de chuvas abaixo da média histórica desde a estação chuvosa 2013/2014 atingiu todos os estados do Sudeste, especialmente Minas Gerais e São Paulo. Ambos os estados admitiram no início de 2015 passar por graves dificuldades devido aos baixos índices de armazenamento nos reservatórios.
Os governadores Geraldo Alckmin (SP) e Fernando Pimentel (MG) chegaram a anunciar rodízio de racionamento caso soluções emergenciais e eficazes não fossem entregues ainda em 2015. Alckmin está à frente de 16 anos de governos tucanos naquele estado; Pimentel, recém empossado após 12 anos do tucanato de Aécio Neves e sucessores, recebeu como herança um sistema de abastecimento de água em situação de pré-colapso.
Por isso, ao assumir o governo, em janeiro, o petista fez logo um alerta sobre a necessidade de cortar 30% do consumo devido à deterioração do sistema e aprovou imediatamente projeto de integração de dois importantes rios (Paraopeba e Manso) da região metropolitana, cuja execução foi iniciada cerca de 45 dias atrás, em 1º de julho.
A visita desta quarta-feira (12) ao canteiro e obras confirmou que o regime intensivo de trabalho tirou o estado da berlinda: o risco de faltar água não existe mais. Em ritmo acelerado e cronograma em dia, o projeto que assegura o abastecimento de Belo Horizonte será inaugurado antes do primeiro ano do governo petista.
Pimentel garantiu, após vistoriar o andamento das obras do projeto de integração em Brumadinho (região metropolitana de Belo Horizonte), que está afastado o risco de desabastecimento em 2016 e pelas duas próximas décadas.
“Com essa obra concluída, vamos ter segurança para mais de 20 anos no abastecimento das cidades” afirmou, ao também descartar as medidas de racionamento previstas para até o fim do ano – prazo de conclusão das obras.
Para a empresa de saneamento do estado, a Copasa, o esforço de redução do consumo doméstico em mais de 14% em cinco meses e chuvas atípicas entre março e maio contribuíram para o descarte do racionamento.
Tribunal de contas – Já em São Paulo, metade da população da região metropolitana (ou 10 milhões de habitantes) padece com a perspectiva de dias piores a partir do fim deste ano, devido ao atraso nas obras de reforço ao sistema Cantareira anunciadas pelo governador Geraldo Alckmin como solução.
E nem há argumento que ajude a tirar do PSDB e seus quatro governadores desde 1999 (Mário Covas, José Serra, Alberto Goldman e Alckmin) o peso da responsabilidade pelo aprofundamento da crise que se configura no horizonte próximo.
O próprio Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) atribuiu, em decisão anunciada na terça-feira (11), que o PSDB foi alertado sobre o risco de desabastecimento em 2004. Mesmo assim, só tomou rédeas e agiu para atenuar o problema este ano.
Adutora – A adutora que levará água do Rio Paraopeba para o Manso foi orçada em mais de R$ 128 milhões e dimensionada para captar cinco mil litros de água por segundo, por meio 6,5 quilômetros de tubulações de aço com 1,5 metro de diâmetro. Quase um terço (2 km) da adutora está concluída.
O licenciamento da obra prevê o bombeamento da água do Paraopeba entre os meses de outubro e maio, período da estação de chuvas em Minas. Quando ficar pronta, a adutora vai preservar os demais reservatórios da região durante o prazo de captação, permitindo voltarem a níveis normais.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias