O Ministério Público de São Paulo instaurou inquérito para investigar a conduta do governo Geraldo Alckmin e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em relação às inúmeras ocorrências de interrupção no fornecimento de água na cidade. O ofício expedido pelo promotor Mauricio Antônio Ribeiro Lopes, da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo, exige que a Sabesp forneça informações detalhadas sobre o abastecimento de água, em especial na zona norte, nos últimos 90 dias.
O promotor determinou a abertura da investigação após receber representação relatando que considerável parcela da população paulistana sofre interrupções contínuas pela Sabesp. Entretanto, nem empresa nem o governo do estado se manifestaram oficialmente sobre a existência de rodízio ou racionamento.
Além das datas e horários em que houve interrupção e o número de pessoas afetadas, o promotor requer o prognóstico para os próximos seis meses, a fim de compreender a real situação. Em decorrência do baixo volume do Sistema Cantareira, o promotor avalia que a conduta da Sabesp e do governo têm gerado insegurança sobre o fornecimento futuro de água na cidade.
“O objetivo é apurar se não está havendo uma cortina de fumaça sobre o tamanho real do problema e qual a real situação das reservas de água que abastecem a cidade”, disse o promotor.
Na próxima semana, ele pretende se reunir com representantes dos órgãos responsáveis, para ter um quadro sério e definitivo sobre a situação.
Pesquisa Datafolha divulgada esta semana aponta que 35% da população de São Paulo sofreu corte na interrupção do serviço, durante o mês passado. Nesta sexta-feira (6), o volume armazenado do Cantareira chegou aos 24,2%.
Também foram expedidos ofícios ao Secretário Estadual da Casa Civil e ao Secretário Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, para que forneçam todas as informações necessárias ao esclarecimento dos fatos.
CPI da Sabesp – O deputado Marcos Martins (PT), membro da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável na Assembleia Legislativa, é autor do requerimento para abertura da CPI da Sabesp. A comissão pretende investigar as perdas de água na rede estadual apesar de ter gasto mais de R$ 1,1 bilhão, entre 2008 e 2013, para resolver problemas de saneamento. A companhia também não atingiu a meta de 30,5%, estipulada pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp).
Martins conta que a gestão dos recursos pela Sabesp também está na mira da comissão. “Já passou da hora de investigar como é gerida a estatal e para onde vai o dinheiro que pagamos no final de cada mês”, explica Martins, justificando a necessidade de urgência da instauração da CPI.