Partido dos Trabalhadores

“MP do Governo Lula tem como objetivo manter equilíbrio fiscal e evitar furo do teto”, diz Guimarães

Parlamentar defendeu que a Câmara aprove a Medida Provisória (MP) publicada pelo governo que, entre outras medidas, aumenta as alíquotas de Imposto de Renda sobre aplicações financeiras

Gustavo Bezerra

Líder do Governo, deputado José Guimarães, fala com jornalistas na Câmara sobre ajuste fiscal. Líder do Governo, deputado José Guimarães, fala com jornalistas na Câmara sobre ajuste fiscal.

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), garantiu durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (12/6) que o Governo Lula não vai cumprir as diretrizes do Arcabouço Fiscal, sem furar o teto de gastos e mantendo o objetivo de alcançar o déficit zero nas contas públicas neste ano. Para alcançar essa meta, o parlamentar defendeu que a Câmara aprove a Medida Provisória (MP) publicada ontem (11) pelo governo que, entre outras medidas, aumenta as alíquotas de Imposto de Renda sobre aplicações financeiras atualmente isentas, sobre o lucro de empresas de apostas esportivas e que ainda taxa operações com criptomoedas.

“O governo está fazendo essa MP por uma razão maior: essa Casa aprovou o arcabouço [fiscal] e o governo não vai pedalar. Não vai fazer o que foi feito em 2022 [último ano do governo Bolsonaro], quando se gastou, gastou, e furaram o teto [de gastos] quatros vezes. Nós não vamos furar o teto”, ressaltou o líder sobre o compromisso de responsabilidade fiscal do governo Lula.

Adequação do Orçamento

No entanto, José Guimarães alertou que, se todas as propostas do Governo Lula para adequar o Orçamento às metas de equilíbrio fiscal forem rejeitadas, serão necessários novos cortes e contingenciamentos no Orçamento deste ano.

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“O que eu ouvi lá na reunião dos líderes (da Câmara) é que todos têm compromisso com a busca de uma solução. Até porque, se não tiverem alternativas a essas soluções que o ministro Fernando Haddad está propondo, novos cortes e novos contingenciamentos podem ocorrer, atingindo todas as despesas discricionárias, inclusive as emendas parlamentares”, explicou o líder do Governo.

MP do equilíbrio fiscal e o ‘andar de cima’

Durante a coletiva, José Guimarães destacou que grande parte das novas medidas, principalmente as que aumentam tributos, estão endereçadas apenas ao “andar de cima”, ou seja, a investimentos e aplicação financeiras atualmente isentas de tributos e mantidas por uma ínfima parcela da população brasileira.

Entre as medidas da MP, está o aumento de zero para 5% na taxação dos rendimentos de Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). O governo propõe ainda aumento da tributação de empresas de apostas esportivas de 12% para 18%, sobre Juros de Capital Próprio (JCP) – mecanismo utilizado pelas empresas para remunerar acionistas – de 15% para 20%, além da taxação de “Fintechs” (empresas de tecnologia do setor financeiro), que pagavam 9% de CSLL (contribuição Social sobre Lucro Líquido), que passarão a contribuir como as demais instituições financeiras, com alíquotas entre 15% e 20%.

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Além disso, a MP propõe igualmente a tributação dos rendimentos de operações com criptoativos (moedas digitais) em 17,5%.

O líder petista informou também que a MP traz a racionalização de algumas isenções concedidas pela União. Uma delas é a limitação das chamadas compensações tributárias (créditos fiscais que as empresas têm direito para abater tributos). Segundo o líder, foram verificados muitos abusos e até fraudes nessas compensações. O governo espera economizar cerca de R$ 10 bilhões com a medida.

Reestruturação de benefícios sociais

Ainda de acordo com o líder José Guimarães, a MP também reestrutura a concessão de alguns benefícios sociais, visando o seu fortalecimento. Dentre eles, o Seguro-Defeso. Segundo o petista, o governo verificou que apesar de existirem pouco mais de 300 mil pescadores artesanais cadastrados, existem cerca de 1,9 milhão de pedidos de concessão. O petista estima que R$ 12 bilhões serão economizados com essa medida.

Ele apontou ainda que o governo limitou o prazo de recebimento do auxílio-doença antes da análise documental (Atestemed) para 30 dias. Até agora, o prazo era de 180 dias. Caso o prazo de 30 dias para análise seja superado, os pagamentos dos benefícios estarão sujeitos a uma nova perícia, presencial ou por telemedicina.

O parlamentar também ressaltou a economia que o governo terá com a incorporação dos gastos com o pagamento do ‘Pé-de-Meia’ (programa que paga uma bolsa para estimular a formação de estudantes do ensino médio) ao piso da educação. Segundo Guimarães, essa ação vai liberar mais R$ 12 bilhões para outros investimentos.

“Foram apresentadas propostas muito consistentes. Agora é fazermos o debate, formular o que for preciso, mas garantir a estabilização da economia, cumprindo como o Haddad quer, o déficit zero”, declarou o líder do governo.

Do site do PT na Câmara