Na manhã desta terça-feira (16), cerca de 5 toneladas de alimentos saudáveis foram doadas pelas famílias Sem Terra do Distrito Federal e entorno à classe trabalhadora. A ação fez parte da Jornada Nacional de Lutas do MST, que acontece em todo país, e buscou chamar atenção da sociedade para os ataques que a Reforma Agrária vem sofrendo durante o governo Bolsonaro.
As doações ocorreram em dois pontos distintos do Distrito Federal, na BR-020, região de Planaltina, em frente ao assentamento Oziel Alves, e na BR-080, região de Brazlândia, em frente ao acampamento Noelton Angélico.
A ação teve como foco central o diálogo com a classe trabalhadora que, no início da manhã, se desloca, em sua maioria, para trabalhar em Brasília. As famílias que participaram da ação, provenientes de acampamentos e assentamentos da região, aproveitavam o ato da entrega para dialogar com motoristas sobre o atual cenário político e a luta histórica do Movimento Sem Terra.
Maria Feitosa, da direção nacional do MST, também destacou que a ação buscar lembrar os mártires do Massacre de Eldorado dos Carajás. “Nesta mesma data, na Curva do S, no Pará, Sem Terra como estes que estão aqui doando alimentos, estavam lutando por seu direito à terra quando foram covardemente massacrados”, lembra Feitosa. “Este Massacre fez com que todo abril se tornasse um mês de luta, em todo país, por terra, pelo nosso direito básico de ter um pedaço de chão para produzir”, completa.
A Jornada Nacional de Lutas do MST acontece no mês de abril em todo país. As ações realizadas passam por ocupações de latifúndios, prédios públicos, marchas, aulas públicas, mutirões de trabalho voluntário, etc. Neste ano, Maria Feitosa destaca que a Jornada também se solidariza com outros segmentos da classe trabalhadora. “Nos solidarizamos com as vítimas da Vale, no sul do Pará, em Mariana, Brumadinho e tantas outras comunidades ameaçadas pela ganância desta empresa e também exigimos justiça à Marielle Franco, Anderson Gomes e todos os militantes ameaçados por sua luta”, afirma a Sem Terra.
“Estamos ao lado dos povos indígenas e quilombolas, que também são afetados pelo agronegócio e pela suspensão da demarcação e reconhecimento de novas áreas”, ressalta a dirigente. Desde o início do governo, Bolsonaro já paralisou cerca de 250 processos de compra e desapropriação de novas áreas, atingindo diretamente 150 mil famílias Sem Terra acampadas.
MST contrapõe governo com produção de alimentos saudáveis
Em apenas dois meses de governo Bolsonaro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou a autorização de 86 novos produtos elaborados com agrotóxicos, em média, 1,6 por dia. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e o uso desregrado de veneno é responsável diretamente por centenas de novos tipos de câncer no país.
Ao longo dos seus 35 anos de existência o MST tornou-se o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Somente na safra de 2017 foram produzidos 27 mil toneladas de arroz orgânico. Fruto dessa organização são as cooperativas, associações e agroindústrias nos assentamentos.
Atualmente, o MST organiza sete principais cadeias produtivas: feijão, arroz, leite, café, sucos, sementes e mel. Além disso, realiza feiras da Reforma Agrária em todo Brasil. Atualmente, são 17 feiras estaduais espalhadas por todo o país, além da feira nacional que acontece anualmente na cidade de São Paulo.