A coordenadora estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Natália Szermeta, afirmou que o movimento pretende ocupar as escolas que forem fechadas pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e mantê-las funcionando.
“Estamos juntos na luta contra a reorganização. Vamos parar escolas, estradas, o que for preciso para barrar a medida. Mas se o governador fechar alguma unidade, vamos ocupar e pôr para funcionar”, disse a coordenadora nesta terça-feira (20), durante a quarta manifestação contra o fechamento de escolas proposto pelo governo tucano.
Segundo Szermeta, os sem-teto apoiam os atos e estão organizando um fórum com organizações relacionadas à educação, estudantes e familiares que vivem nas ocupações e bairros da periferia da cidade.
“Vamos integrar todas as lutas contra essa medida, que vai devastar ainda mais a já péssima educação no estado”, ressaltou.
Em 22 de setembro, o secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, anunciou a reorganização dos ciclos em entrevista ao telejornal Bom Dia São Paulo, da Rede Globo.
A ideia é separar totalmente os alunos das escolas estaduais por ciclo – fundamental I, fundamental II e médio –, o que vai levar ao fechamento de, pelo menos, 163 escolas, segundo levantamento do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
Os docentes consideram que a medida não trará benefício para estudantes, professores ou famílias.
“Não há nesta reorganização nenhuma preocupação pedagógica. Ela é uma mudança física, descolada de um verdadeiro projeto educacional. Vai desorganizar a rede pública. A secretaria devia valorizar os professores, resolver os problemas estruturais das escolas, reduzir o número de alunos por sala, o que asseguraria melhor condição de trabalho aos professores e de aprendizagem aos estudantes”, defendeu a presidenta do Apeoesp, Maria Izabel de Azevedo Noronha.
“O maior problema é que ninguém sabe exatamente o que significa a reorganização”, destacou a presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), Ângela Meyer.
Ela acredita que a mobilização tende a crescer conforme mais alunos forem notificados das mudanças e que os estudantes vão conseguir “barrar a desorganização”.
“Este seria o momento de reduzir o número de estudantes por sala, por exemplo, melhorando as condições de professores e alunos”, disse a presidenta da Upes.
Os educadores temem também que ocorra um novo processo de fechamento de classes, desempregando ainda mais professores. No início deste ano foram fechadas pelo menos 3.390 salas de aula no estado.
Além disso, muitas escolas iniciaram o ano letivo com até 60 estudantes por classe, em turmas do ensino regular, e até cem estudantes por classe em turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), segundo o sindicato.
São Paulo tem hoje 5.108 escolas, das quais 1.443 são de ciclo único, outras 3186 mantêm dois ciclos e 479 escolas têm três ciclos. Essas últimas devem ser transformadas em escolas de ciclo único, assim como grande parte das de dois ciclos.
Porém, os professores reivindicam que essa estrutura seja otimizada para propiciar a redução do número de alunos por sala. Eles defendem que o número máximo de alunos por classe seja de 20, em qualquer dos ciclos.
Os docentes reclamam ainda que, da mesma forma que a proposta para o Plano Estadual da Educação apresentada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) à Assembleia Legislativa, esta medida foi anunciada sem nenhuma discussão prévia com a comunidade escolar, com o Apeoesp e demais entidades ou com outros setores sociais.
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) abriu um inquérito civil para cobrar explicações do governo Alckmin sobre a iniciativa. A Defensoria Pública também solicitou informações à Secretaria de Estado da Educação sobre a reestruturação. Os processos estão em andamento.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “Rede Brasil Atual”