O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos, prometeu convocar greves e ocupações caso ocorra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “É importante que esse recado seja ecoado. Setores do mercado estão achando que vão tirar a Dilma e isso vai pacificar o país. Esse país vai ter greves, ocupações, travamentos. Se eles forem até as últimas consequências, não vai haver um dia de paz no Brasil”, afirmou Boulos.
Na quinta-feira (24), a Frente do Povo Sem Medo, que reúne diversos movimentos sociais, como as Brigadas Populares, o MTST e diversos sindicatos, convocou manifestações em várias cidades do Brasil em defesa da democracia e contra o golpe. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, o protesto acabará na porta das sedes regionais da rede Globo.
Segundo Boulos, está cada vez mais claro o alinhamento entre setores do Judiciário, Legislativo e da mídia para derrubar o governo eleito democraticamente. “O timing que as coisas acontecem demonstram isso”, disse ele, em referência a divulgações de grampos e delações em sincronia com programas televisivos, por exemplo.
Ao mesmo tempo, a liderança afirmou que o alvo dos protestos não são jornalistas, mas sim as empresas que estão agindo politicamente. “Não vai haver hostilidades em relação aos jornalistas que trabalham nessas empresas”, disse ele. Apenas em São Paulo, são esperadas 50 mil pessoas.
Artistas e intelectuais como Laerte, Gregorio Duvivier, Tico Santa Cruz, as economistas Laura Carvalho e Leda Paulani, a psicanalista Maria Rita Kehl, entre outros, já manifestaram apoio ao ato. No manifesto, o movimento convoca a população às ruas para lutar contra o golpe e por uma saída da crise pela esquerda. Veja aqui o evento e o manifesto na íntegra.
Boulos afirmou que já foi feita uma negociação com a Polícia Militar para garantir o direito à manifestação na quinta-feira. “Os setores que estão insuflando uma ofensiva golpista no país estão criando um clima ameaçador no país”, ressaltou. “Não vamos ver a nossa frágil democracia ser jogada fora. Vamos nos interpor nesse processo”.
A Frente Brasil Popular, que reúne movimentos sociais como a CUT, CTB, Marcha Mundial das Mulheres, entre outras, já afirmou que estará presente no protesto desta quinta-feira. No dia 31 de março, os dois movimentos chamaram atos unificados em todo o Brasil, também com o intuito de defender a democracia e se opor ao golpe. “As duas frentes têm suas diferenças, mas estão unificadas em combater a esse movimento da direita”, afirmou Boulos. “É um momento em que é fundamental estar nas ruas”.
Sobre as últimas arbitrariedades jurídicas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Boulos afirmou se tratar de uma legitimação do que já ocorre com o povo brasileiro na calada da noite. “A polícia já faz isso nos becos e vielas durante a noite, o Judiciário faz isso com o silêncio complacente da maior parte da mídia brasileira, mas quando se faz isso com todos holofotes com alguém que foi presidente da Republica à plena luz do dia, isso representa uma legitimação dessas arbitrariedades”, afirmou ele.
“Se estão fazendo esse linchamento e execração pública do Lula, o que não vão fazer a partir de agora com seu José e seu João, que já sofreram historicamente com isso?”.
Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias