Vivemos dias de resistência e luta das mulheres. Fundamentalistas, representantes das elites que exploram nossos povos, se apropriam de nossas terras, violam nossos corpos e tiram as vidas e liberdade há mais de 500 anos, tentam furiosamente derrubar nossas conquistas de mais de cem anos de luta das mulheres.
O golpe que levou Michel Temer ao poder significa ataques constantes aos direitos da classe trabalhadora, principalmente das mulheres, e o desmonte das políticas públicas dos governos petistas. Resistimos aos ataques crescentes em constante Alerta Feminista.
Milhares estão mobilizadas contra a PEC 181, enorme retrocesso contra nossas vidas e nossos corpos, pois pretende retirar da legislação vigente a garantia do abortamento nos casos de estupro, risco de morte para a mulher na gestação ou anencefalia fetal. A proposta de emenda tinha como foco a ampliação da licença-maternidade para mães de bebês prematuros e, em uma manobra golpista, teve seu teor desvirtuado.
O relatório foi recém-aprovado na Comissão Especial por 18 homens, sendo a única contrária (e a única mulher) a deputada federal Erika Kokay. Permanecemos vigilantes e articuladas no intuito de barrar mais uma tentativa de retrocesso e contra a imposição de dogmas sobre nossas vidas e corpos.
Enfrentamos o “Escola Sem Partido”, e sua cruzada contra a “ideologia de gênero”. Programa de privatização da educação, de contenção da demanda da juventude ao ensino, perseguição de professores e professoras, pretende impedir a “contaminação político-ideológica” na sala de aula, em relação à política, moral e principalmente conduta sexual.
O objetivo de impedir as reflexões sobre gênero e sexualidade nada mais é do que uma forma de segregar e excluir ainda mais grupos LGBT da escola e frear as políticas educacionais para o fim do preconceito. Estamos alertas a essa articulação internacional da direita, que tem como principais inimigos os movimentos de juventude, cultura, meio ambiente e, principalmente, de mulheres. Seu objetivo é retirar nossas conquistas de autonomia econômica e sexual, em nome da família, e de tentativa de retomar o controle e normativização da nossa sexualidade e de nossos filhos e filhas.
A ofensiva contra as mulheres agrava a situação histórica e permanente de violência que vivenciamos, em que a cada sete minutos uma mulher é agredida e a cada onze minutos uma mulher ou uma menina é estuprada. Lutamos incansavelmente contra a cultura do estupro e contra a exploração e abuso sexual infantil e adolescente. Este é o país que mais mata LGBTs – em média uma pessoa a cada 25 horas.
A nossa luta e resistência são diárias e não seria diferente na nossa mobilização em toda a América Latina nos 16 Dias de Ativismo Pelo Fim da Violência Contra a Mulher – física, sexual, pscicológica, patrimonial, institucional. No Brasil, são 21 dias de ativismo, começando pelo 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, enfatizando o machismo e racismo sofrido pelas mulheres negras. Participaram ativamente desta construção as Secretarias de Mulheres do PT e as mulheres petistas.
A luta coletiva dos movimentos feministas e de mulheres trouxe uma importante vitória – da nossa ex-ministra Eleonora Menicucci contra Alexandre Frota na Justiça. Eleonora defendeu todas as mulheres quando denunciou a apologia ao estupro contra uma Mãe de Santo feita pelo ator, que ainda tentou perseguí-la judicialmente.
Nossa solidariedade e reconhecimento se traduziu em mobilização e defesa incansável da companheira que esteve à frente das mudanças nas vidas de tantas mulheres por meio da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres no governo Dilma.
Com a mesma energia defendemos a Presidenta Nacional do PT e senadora Gleisi Hoffmann, alvo de ataque do golpismo institucional. Com base em delações infundadas, a Procuradoria-Geral da República entregou alegações finais ao STF pedindo sua condenação, mesmo sem nenhuma comprovação.
É escancarada a perseguição ao Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras e o caráter misógino do golpe, evidente desde a retirada da presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita. Assim, é também uma forma de violência contra todas nós, mulheres. Nós, mulheres petistas, estamos mobilizadas e não pouparemos esforços em defesa de Gleisi, de cada uma e todas as nossas companheiras e contra qualquer ameaça de retrocesso em face à classe trabalhadora.
Somos mulheres – trabalhadoras, negras, indígenas, lésbicas, bis, trans, jovens, mães, avós, somos as mulheres do PT. Mulheres em marcha, mulheres na luta e em luto. Somos milhares, somos milhões. Somos mulheres do PT em consonância com o movimento de mulheres. Somos mulheres, somos como os rios, que crescem quando se encontram.
Dezembro 2017
Coletivo Nacional de Mulheres – Secretaria Nacional de Mulheres do PT