Movimentos de mulheres organizadas foram até a Assembleia Legislativa do Amazonas protestar contra o título concedido pelo deputado estadual delegado Péricles, do PSL.
O deputado apresentou Projeto de Lei concedendo o título ao presidente com a justificativa da atuação de Bolsonaro na compra de vacinas e na transferência de recursos para estados e municípios, em especial ao Amazonas.
As mulheres do PT, movimentos de mulheres indígenas, de luta por moradia, estudantes, professoras, trabalhadoras da saúde, militantes de outros partidos políticos e demais movimentos populares estiveram presentes na ALEAM que, sem quórum, teve cancelada a sessão da entrega do título.
Os mais de 120 participantes ainda fizeram uma passeata até a Arena da Amazônia, onde o Presidente participava da Cerimônia de Inauguração do Pavilhão de Feiras e Exposições do Centro de Convenções do Amazonas.
A Secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Moura, que é do estado do Amazonas, se posicionou em repúdio ao título concedido pela ALEAM, pontuando que não é momento para entrega de honrarias a Bolsonaro, que tem o sangue das vidas perdidas no país nas mãos.
“Ele tem que sentir sim a pressão do que é o povo amazonense recebendo esse presidente genocida que não nos ajudou, não nos socorreu quando nós precisávamos respirar. Nós não vamos, nem agora e nem nunca, reconhecer este presidente que não faz nada para salvar vidas”, afirmou Anne.
Durante o ato na frente da Arena da Amazônia a Polícia Militar agrediu a companheira e dirigente da União da Juventude Socialista e do PCdoB, Beatriz Calheiros de Abreu (Bia), que foi encaminhada para uma delegacia. Além da polícia, apoiadores de Bolsonaro apareceram para tentar intimidar as mulheres, muitos sem máscaras e bastante agressivos.
Para a Secretária Estadual de Mulheres do PT do Amazonas, Miracelma Souza, o recado das mulheres do estado foi dado com os protestos e a pressão feita por elas contra a entrega do título.
“Nós jamais permitiremos que o Bolsonaro genocida receba esse título de cidadão amazonense. Fizemos pressão com os deputados, e muitos retiraram seus nomes, deixando a sessão da ALEAM sem quórum para entrega do título. O Ato com os movimentos sociais, sindicatos e partidos políticos, foi positivo, até a chegada da polícia, sempre com violência. Mas, o recado foi dado para a sociedade, que vem sofrendo com as mortes dos seus entes queridos e com a fome”, disse a secretária.
Os manifestantes ingressaram com um pedido de revogação da aprovação do Projeto de Lei que concede o título ao presidente. O documento traz como embasamento a resolução normativa 71, do regimento interno da ALEAM, que estabelece no artigo 2º que não será concedido título a pessoas que estejam no exercício de cargo de administração pública municipal, estadual ou federal.
Mesmo com os protestos e o pedido de revogação, Bolsonaro recebeu o título de cidadão amazonense em uma cerimônia organizada às pressas pelo governador Wilson Lima, do PSC.
Nádia Garcia, Agência Todas.