Três presidentes para o Banco Central em trinta e dois dias, entre outras razões, porque uma operação nebulosa para beneficiar o banqueiro Salvatore Cacciola gerou um prejuízo aos cofres públicos de R$ 1,5 Bilhão. Uma crise econômica que custou R$ 41 Bilhões em empréstimos ao FMI. O Presidente da República flagrado pressionando para o uso de dinheiro dos aposentados em operações para privatização da Telebrás. O país sofre o maior apagão da história e passa meses tendo de racionar energia elétrica e o salário mínimo valendo míseros US$ 81,00.
Esse é um generoso resumo do melancólico ano de 1999, início do segundo mandato de FHC na Presidência da República e, após isso, o país quebrou mais duas vezes, aumentou a inflação e o desemprego e diminui sensivelmente o poder de compra do salário mínimo. Um cenário tão desastroso que rendeu quatro derrotas eleitorais consecutivas apesar de todos os esforços dos tucanos em esconder FHC nas campanhas presidenciais. Dito isso, fica óbvio que os setores da direita conservadora e reacionária não tem nenhuma moral para falar de crise.
Apesar de estarmos em um momento difícil, existem razões para crermos que o país irá recuperar-se, principalmente em razão dos investimentos em curso e os anunciados em infra-estrutura. O pacote de US$ 53 Bilhões de dólares anunciados pela China no Brasil, os resultados positivos da Balança Comercial, o aumento consistente da exploração de petróleo do pré-sal, a iminente conclusão das hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio, da Transposição do Rio São Francisco, da Ferrovia Oeste-Leste e o início das obras do Porto Sul são elementos mais que positivos para responder à crise.
A sanha golpista da direita tem razões diversas dos reflexos da crise mundial na economia brasileira. A ansiedade de retornar ao poder na esfera federal é uma delas, a vitória nas urnas para eles é incerta e o longo período na oposição os tem feito afastar-se da responsabilidade de manter a normalidade institucional. A prova cabal é a sentença do Superior Tribunal Eleitoral à tentativa tucana de evitar a diplomação da presidenta Dilma. Isso no Brasil não é novo, aconteceu em outros períodos da nossa história sempre com resultados desastrosos para o país.
A divergência com o modelo de desenvolvimento em curso está no cardápio de angústias da oposição. A aplicação do regime de partilha ao pré-sal, aumentando os investimentos em Saúde e Educação, o amplo acesso da classe trabalhadora a bens de consumo e espaços sociais antes restritos à elite, além da aposta em uma agenda internacional não alinhada com os EUA, vão construindo bases torna mais difícil reeditar a overdose de neoliberalismo irracional da década de noventa, em beneficio da confraria financista que lucrou em cima da miséria do povo brasileiro.
A ideologia da direita é tão perniciosa à sociedade brasileira que sua simples defesa aliada à irresponsável propaganda feita pelo oligopólio midiático já apresenta resultados lamentáveis de preconceito e intolerância, com cenas de crianças apedrejadas por exercer sua liberdade de religião, assassinato em praça pública e a profusão de episódios racistas desde que começou o louvor ao golpe, cuja demonstração maior de descompromisso com a democracia vem de setores que defendem aberta e cinicamente a intervenção militar.
Somos plenamente conscientes das dificuldades, sabemos dos novos desafios que se impuseram com a transformação radical da realidade sócio-econômica do Brasil produzida por doze anos e meio de políticas públicas inclusivas implementadas pelos governos do PT e é justamente esse legado positivo que nos credencia como a força política mais capaz de fazer o Brasil dar o seu próximo salto de desenvolvimento.
Que ninguém se engane, o que eles querem é voltar ao poder a qualquer custo para reeditar as políticas que faziam com que o único “instrumento de dignidade” do povo pobre fosse a lata de margarina com a qual pediam restos de comida nas portas alheias, essa cena fomos nós os responsáveis por fazer desaparecer e seremos nós os responsáveis por não permitir que volte jamais. O recado de nossa militância aos agourentos da direita é claro: Os golpistas não passarão! Nenhum passo atrás!
Murilo Brito é secretário de finanças do PT da Bahia
Sérgio Paiva é historiador e dirigente do PT de Salvador