Partido dos Trabalhadores

Na Catedral da Sé, ato homenageia o jornalista Vladimir Herzog

Vlado foi torturado e assassinado ao se apresentar voluntariamente ao DOO-Codi. Ele era acusado de militar no Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Neste domingo (25), um ato inter-religioso na Catedral da Sé, em São Paulo, homenageou o jornalista Vladimir Herzog, torturado e assassinado após se apresentar voluntariamente nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), há 40 anos.

Conduzida pelo cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, pelo rabino Henry Sobel e pelo pastor Jaime Wright, o evento reuniu 8 mil pessoas e lembrou a celebração em memória de Vlado, como era conhecido.

A viúva do jornalista, Clarice Herzog, disse que seu sentimento diante do ato é de vitória da sociedade. Segundo ela, a dor, a revolta e o ódio que sentiu quando o crime aconteceu fez com que quisesse lutar para provar para a sociedade que o Herzog tinha sido assassinado. “Eu consegui fazer isso”, declarou.

Para Clarice, a morte do professor da Universidade de São Paulo (USP), considerado um dos maiores jornalistas do Brasil, fez com que a sociedade ficasse fragilizada e se conscientizasse de que era necessário se mobilizar contra a violência da ditadura militar. Vlado era acusado de militar no Partido Comunista Brasileiro (PCB), que funcionava na clandestinidade.

“Os militares se sentiam tão protegidos, que sabiam que podiam fazer qualquer coisa. Eles nem precisavam tentar criar uma cena mais crível porque não existia resistência, não acontecia nada”, disse Clarice. Para ela, a missa que aconteceu há 40 anos foi uma declaração de “basta” da sociedade.

A viúva disse também que não houve punição dos torturados e assassinos e afirmou que o Exército brasileiro atual deveria ter a “honradez e a coragem” de declarar quem foram os torturadores, para termos credibilidade outra vez nos militares.

Ivo Herzog, filho de Vlado, que tinha nove anos quando o pai foi assassinado, disse que é importante manter essa memória viva como inspiração para as pessoas que continuam indignadas com o que acontece de ruim na sociedade.

“A violência policial matou meu pai, a violência policial continua matando centenas, milhares de pessoas nas periferias. Isso é absolutamente inaceitável, a sociedade tem que começar a se organizar e exigir o fim disso”, declarou Ivo.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Rede Brasil Atual