Esta quarta-feira (21) foi dia de um verdadeira caravana pelo Ceará com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pela manhã, Lula esteve em Barbalha, cidade do Cariri, próxima a Juazeiro do Norte, onde participou de um ato em apoio a Fernando Santana (PT). Depois ele foi para o Crato, a 20 quilômetros de distância, e seguiu para a cidade de Iguatu, onde participou de um comício às 16h30.
Barbalha
O dia de Lula no Ceará começou em um ato da campanha de Fernando Santana (PT) à prefeitura de Barbalha. O ex-presidente comentou as acusações feitas contra ele pela força-tarefa da Lava Jato.
Lula iniciou dizendo: “Estamos vivendo um momento difícil. A minha geração ajudou a conquistar a democracia no Brasil a partir de 1985. E eu jamais imaginei que a gente fosse voltar a ter um presidente da República que não fosse eleito pelo Povo brasileiro”, lamentou, ao lado do governador do Ceará, Camilo Santana (PT).
Eles pegaram os votos de vocês e jogaram na lata do lixo. E a democracia foi mortalmente ferida.
“É verdade que a gente não teve um golpe militar. Foi um golpe parlamentar. Um grupo de deputados chefiados pelo presidente da Câmara, resolveu criminalizar nossa presidenta e resolveu mandar o Senado cassar ela. E o vice – que não gosta de ser chamado de golpista – assumiu a presidência. Eles pegaram os votos de vocês e jogaram na lata do lixo. E a democracia foi mortalmente ferida”, disse.
O ex-presidente afirmou que o golpe tinha como intenção manter ele longe da corrida eleitoral.”Cada eleição é hora de inventar uma história. Eles agora querem acabar com o PT. Eles precisam destruir o PT”, disse aos milhares de presentes, que assistiram ao discurso sob um calor de 41º.
Estou triste, porque eu vivi o momento histórico desse país em que a gente podia dizer a qualquer presidente do mundo que o pobre deixou de ser problema e virou solução.
“Estou triste, porque eu vivi o momento histórico desse país em que a gente podia dizer a qualquer presidente do mundo que o pobre deixou de ser problema e virou solução. Provei ao mundo e aos economistas que se quiserem salvar o país, lembre-se dos milhões que têm que estar no orçamento e ficam esquecidas”
Lula contou que, em suas viagens pelo Brasil, muita gente diz a ele: “Lula, sou o primeiro da minha família a virar doutor; o primeiro a ir para a universidade”. E ele diz: “Veja a coincidência. Eu fui o primeiro da minha família a ter um diploma primário e me formar torneiro mecânico”.
“E eu olho na cara de cara um e digo: se acharem um Real na minha vida, que não for meu, eu não serei mais nada nessa vida”, afirmou. O ex-presidente reclamou do tratamento dispensado a ele por alguns dos integrantes da Lava Jato: “Eu estou ofendido e magoado. Ofendido porque eu nunca imaginei que aos 71 anos de idade, teria a vida cutucada por uns meninos do MPF”.
“Futucaram minha vida durante dois anos, eles já disseram que eu tenho um apartamento que não é meu, já disseram que eu tenho uma chácara que não é minha”, prosseguiu Lula. O ex-presidente sugeriu que lhe pedissem desculpas pelas acusações. “O cidadão que pegue a sua convicção e guarde para ele. Se está dizendo que eu fiz alguma coisa, que prove. Se não provar, peça desculpas. Não é vergonha pedir desculpas. Mas parece que ele não sabe”.
Fiquem tranquilos, a história vai julgar cada um de nós.
Lula avaliou que a perseguição de parte da imprensa e das autoridades se deve ao temor de que ele se candidate nas próximas eleições presidenciais: “Além de afastar Dilma, eles sabiam que tinham que ‘cuidar’ do Lula. ‘Se esse Lula se mete a ser candidato de novo, vai ser ruim pra nós'”. Mas deixou uma mensagem à militância: “Desde 2005 esse partido apanha de uma parte nojenta da imprensa. Fiquem tranquilos, a história vai julgar cada um de nós”
E garantiu: “Não pensem que nada nesse mundo vai me tirar de perto do povo do Brasil.”
Veja discurso na íntegra:
Crato
Depois Lula foi ao Crato, cidade próxima a Juazeiro do Norte, onde participou de ato em apoio a Zé Ailton. O ex-presidente ressaltou seu legado para o país e mais uma vez refutou as acusações de seus perseguidores.
O ex-presidente relembrou o impeachment de Dilma Rousseff, que, segundo ele, “feriu a democracia”. “Temos que respeitar somente os presidentes eleitos democraticamente. Por que se ele não for eleito, é o quê?”, indagou. O público presente respondeu em voz alta: “Golpista”.
“Fomos a quinta economia mundial. Esse país mostrou que os pobres nunca foram o problema, mas sim os governantes que não gostavam de pobre”, disse Lula.
“Tinha vontade de ser presidente para provar que era possível que cada criança, mulher ou homem, pudesse ter o direito de tomar o café da manhã; que pudesse, no almoço, comprar um quilo de carne. E que pudessem deitar com a barriga cheia”. “Eu queria provar que filho de pobre não nasceu para ser ajudante de pedreiro, que ele podia ser o engenheiro”, acrescentou.
“Não me contentei enquanto eu não vi as filhas das empregadas domésticas no banco da universidade fazendo Medicina ou o que elas quisessem”
Lula exaltou o povo nordestino e ressaltou: “Quem mata as pessoas no nordeste não é a seca, é a falta de vergonha das pessoas que governaram esse país. A gente provou que é possível tornar o Nordeste melhor.”
Lula ainda afirmou que “o Brasil precisa aprender a conhecer o Nordeste, não a praia, a alma do nordestino. A generosidade desse povo”. Ele também disse que anda “muito preocupado com o que estão fazendo com nosso querido Brasil”. A seguir, a multidão gritava “Fora Temer”.
Veja discurso na íntegra:
Iguatu
Em Iguatu Lula foi recebido por milhares de pessoas gritando “Lula eu te amo”. Em seguida ele respondeu: “eu também amo vocês”. “Eu estou aqui também para demonstrar o meu profundo agradecimento ao povo do Ceará, que sempre me apoiou e me tratou com tanto carinho”, acrescentou, ao lado do candidato pedetista à prefeitura Ednaldo Lavor.
Ele falou da perseguição que sempre sofreu, assim como o Partido dos Trabalhadores: “Desde que eu era Presidente eu fui atacado muitas vezes… Desde 2005 tentam destruir o governo do PT. E eu sei por que: desde que Cabral colocou os pés aqui, eles decidiram que índios, pobres e negros deveriam ser tratados como nada nesse país. E eu decidi provar para a minha própria consciência que isso não precisava ser assim”, afirmou.
O ex-presidente relembrou sua infância. “Desde muito cedo eu aprendi a perseverar. Que não existe nada de graça para a gente. Que tem que trabalhar. Eu lembro quando minha mãe não tinha o que colocar na panela pra nós e sempre dizia que o dia de amanhã seria melhor. É isso que me motiva a não reclamar, e sim lutar. O que me levou a presidência da República foi acreditar. Não adianta ninguém me dizer que tem uma coisa impossível de fazer. É só querer”
Eu lembro quando minha mãe não tinha o que colocar na panela pra nós e sempre dizia que o dia de amanhã seria melhor. É isso que me motiva a não reclamar, e sim lutar.
Lula também falou do impeachment da presidenta Dilma. “As pessoas que cassaram a Dilma, essas pessoas cassaram da forma mais vergonhosa possível os votos de vocês. Eles agora estão na rua pedindo votos de novo e a nossa vingança não é agredi-los, é sim eleger os nossos candidatos”.
“Eu vou lutar até o fim da minha vida para o Nordeste continuar melhorando”, disse Lula finalizando seu discurso.
Veja discurso na íntegra:
Fortaleza
Ainda nesta quarta-feira, Luizianne Lins, candidata do PT à prefeitura de Fortaleza, receberá o ex-presidente em um grande comício que começa às 16h na Praça do Ferreira. Luizianne foi prefeita de fortaleza entre 2004 e 2012 e atualmente é deputada federal pelo seu estado.
Da redação da Agência PT de notícias