Para consumar o golpe, o governo planeja aprovar às pressas a chamada “Reforma da Previdência”. “Reforma não, desmonte”, como define o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
Segundo ele, o papel do presidente golpista Michel Temer é acabar com a Previdência como política pública para que ela seja consumida como produto privado e vendida pelos bancos, tornando-se, assim, acessível apenas a uma minoria da população.
A nova Previdência de Temer, na prática, acaba com a aposentadoria, segundo Freitas. “Eles estão tirando o direito dos trabalhadores e trabalhadoras de se aposentar. Ninguém consegue isso gente. Ninguém consegue cumprir os termos que eles estão propondo”, diz.
“Não é reforma, é desmonte. É entrega do patrimônio brasileiro para a iniciativa privada nacional e internacional”, afirmou. Apoiado pela mídia, o desmonte da Previdência vai aumentar a pobreza e a exclusão social, segundo ele. Freitas participou de debate para discutir a “reforma da Previdência” organizado pelo diretório do PT municipal em São Paulo, na quarta-feira (22).
A resistência já será iniciada no dia 8 de março, durante as manifestações do Dia da Mulher. As mulheres, que hoje se aposentam mais cedo que os homens, serão as mais prejudicadas com essa reforma. No dia 15 de março, foi convocado um Dia de Mobilização Nacional, com paralisações, para barrar a proposta.
O projeto do golpista quer impor uma idade mínima de aposentadoria para 65 anos, para homens e mulheres. Além disso, para receber o benefício integral, o trabalhador teria que contribuir 49 anos. As mudanças acabariam também com o Regime Especial da Previdência para o trabalhador rural, que hoje se aposenta antes, pois começa a trabalhar mais cedo, e paga a contribuição sobre a produção, e não mensalmente, como ocorre com os trabalhadores urbanos assalariados. Também quer elevar a idade para os idosos em extrema pobreza que recebem o Benefício de Prestação Continuada.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a PEC 287 vai reduzir o alcance da Previdência Social, e põe em risco toda a estrutura de proteção social construída a partir da Constituição de 1988.
Economia
Freitas explica que essa reforma não atinge apenas aos trabalhadores, mas terá grande impacto econômico. Na maioria das cidades brasileiras, o dinheiro que vai para a aposentadoria ainda é um dos principais motores econômicos.
“Agora a gente chegando a desemprego de 20% nesses municípios, quem você acha que é o arrimo de família? É o aposentado”, afirma.
Segundo Vagner, a discussão tem que ser feita não só no âmbito dos trabalhadores, mas de toda a sociedade.
“É uma questão de cidadania, de sociedade, o trabalhador enquanto cidadão. Nas escolas, na igreja, onde ele mora, temos que fazer os comitês em defesa da aposentadoria e da seguridade social”, defende o presidente da CUT.
Na avaliação de Freitas, é necessário fazer uma campanha de união nacional, de toda a sociedade brasileira em prol do direito de se aposentar, mas também contra a quebradeira que vai acontecer no comércio do Brasil inteiro. Nessa luta, é possível se aliar com associações comerciais, por exemplo.
“Nós podemos ter associações comerciais favoráveis contra o desmonte, igrejas, profissionais liberais, pequenos e médios empresários”, afirma. “Podemos fazer aliança com setores da sociedade que não concordam conosco, mas também não concordam com a economia quebrada”.
A conscientização terá que driblar o massacre midiático que aponta que a previdência está “quebrada”. “É mentira que a Previdência está quebrada, que tem um rombo que não pode ser recuperado. É uma operação midiática”, afirma.
“Nós precisamos explicar isso para o trabalhador: a Previdência vai acabar e você não vai se aposentar, reaja agora ou morra trabalhando”.
Essa campanha, para ele, pode alavancar uma outra grande campanha pela volta da democracia no Brasil, com o fim desse governo e a convocação de eleições gerais.
Da Redação da Agência PT de Notícias