Moara Correa Saboia é a primeira presidenta negra e mulher da União Nacional dos Estudantes. Aos 26 anos, a estudante de engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais afirma que a sua presidência simboliza a popularização da universidade que ocorreu nos últimos 13 anos.
“A gente só tem hoje representantes mulheres, negros e da classe trabalhadora porque a Universidade se popularizou”, afirmou.
Saboia assume a presidência da entidade temporariamente, enquanto Carina Vitral (PC do B) disputa a prefeitura de Santos (SP). “Não adianta a gente ir pra rua dizer que quer mulheres, negros e jovens na política e chegar na época da eleição votar só em homem branco e mais velho”, diz ela, sobre a candidatura de Vitral.
Para Saboia, a prioridade no momento é fortalecer o Fora Temer. “A gente entende que não tem avanço num governo que não tem democracia. Porque cada dia se anuncia uma coisa diferente. Um dia anuncia 40% de corte em educação, outro que acabou o PIBID, outro que acabou o Ciências sem Fronteiras”, explica a estudante. “Nossa luta é o Fora Temer e o Diretas Já. Porque o povo tem que decidir”.
A jovem explica que a sua geração será a mais prejudicada pelos retrocessos do governo golpista de Michel Temer. “A minha geração não vai ter direito a aposentadoria. Não vai ter segurança no emprego. Não vai mais ter o SUS, a educação gratuita. Seremos os mais penalizados. A juventude está percebendo isso”, afira Saboia.
Justamente por isso, para ela, os jovens são os protagonistas nas mobilizações contra o golpe. “A minha geração aprendeu a ocupar as ruas, a ter as ruas como espaço de disputa de narrativas da política”, diz ela.
A estudante conta que sempre esteve próxima à política. Sua família sempre foi de esquerda e ela tinha contato com o movimento negro, de mulheres e da Juventude Operária Católica.
Mas a jovem, que entrou na universidade privada pelo Prouni e depois pelas cotas na universidade federal, achava que o movimento estudantil não era pra ela. “Não gostava muito do movimento estudantil, achava que não tinha muito a ver com a minha vida, que era um espaço de uma juventude de classe média branca”, explica.
A mudança ocorreu quando ela foi no Encontro de Mulheres Estudantes (EME), da UNE. Lá, segundo ela, todas as decisões são obtidas por consenso, o que a encantou. “Eu vi que era um espaço de mulheres jovens, que debatiam questões da Universidade mas não só. Me interessou muito e aí comecei minha trajetória pessoal na política”, explica.
Hoje, ela acredita que o movimento estudantil seja uma porta de entrada para a política pois dá espaço de fala aos jovens. “Aí quando fui no meu primeiro Conselho Nacional de Entidades de Base (CONEB ) e vi 400 centros acadêmicos para discutir política, eu fiquei muito encantada com essa capacidade que o movimento estudantil ainda tem hoje de fazer a juventude refletir sobre o seu tempo”, diz ela.
Da Redação da Agência PT de Notícias