O humorista e escritor Gregório Duvivier conversou com estudantes que ocupam a Escola Estadual Fernão Dias Paes, em São Paulo, nesta quarta-feira (25), para dar apoio aos manifestantes que lutam contra a reorganização do ensino proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB).
“Não se dobrem às ameaças e nem às negociações baratas”, afirmou Duvivier.
Ele alertou os estudantes para a natureza do embate, que ultrapassa a questão da repressão policial.
“O meu medo é de vocês serem silenciados, como em geral são os movimentos no Brasil. E não só com porrada, mas com a mídia. São silenciados no campo da narrativa e isso é um perigo”, reforçou.
“As negociações servem para silenciar e a mídia também está neste papel, como por exemplo, aquela notícia vergonhosa da Folha que dizia: ‘Alckmin suspende o fechamento’, depois, ‘Alckmin propõe talvez uma suspensão do fechamento’, e ainda, ‘Alckmin pensa na reorganização do fechamento e a suspensão da mobilização do fechamento’. É uma batalha de palavras”, comentou Duvivier.
Além dele, também estiveram presentes a cartunista Laerte Coutinho e o ator Pascoal da Conceição, conhecido pelo personagem Dr. Abobrinha, no programa Castelo Rá-Tim-Bum.
Laerte, que estudou na escola na década de 1960, destacou a importância da mobilização dos estudantes. “Este movimento é absolutamente empolgante e positivo, e está ensinando tanto para o Brasil nos dias de hoje”, disse.
Ainda sobre o posicionamento da mídia, Pascoal recordou uma visita que fez à escola Salvador Allende, em Itaquera, na zona leste.
“Fui até Itaquera e lá estão todos criminalizados. Até porque gente pobre tem cara de bandido. Mentira, evidentemente. Mas é o tipo de foto que sai no jornal, com cara de bandido. Então, com apoio social e da mídia, colocam gente para bater”, denunciou.
Pascoal criticou a postura do governo estadual, que pretende fechar pelo menos 94 escolas. “Está errado o que acontece aqui. Está errado! Não podem colocar a polícia aqui. Mas esta é a postura de uma ditadura brasileira”, disse.
Duvivier rebateu o que considera um estereótipo imposto aos brasileiros. “Ao contrário do que dizem do Brasil, ele não é um País de gente tranquila. Essa dita paz social só é conseguida a custo de muita porrada de um Estado que sempre foi violento. Então, não é um povo silencioso, mas sim um povo silenciado”, acrescentou.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “Rede Brasil Atual”