O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes tratou de assuntos da empresa de consultoria Planalto quando já ocupava uma cadeira na corte, de acordo com uma investigação da Polícia Federal. A informação foi divulgada pelo jornal “Folha de S. Paulo” neste domingo (1°).
Segundo o jornal, os indícios, datados de novembro de 2006, contradizem a versão de Nardes, que afirmou à publicação ter se afastado completamente em maio de 2005 da empresa, da qual era sócio, para assumir a vaga no TCU.
A Planalto Soluções e Negócios, registrada em nome do sobrinho do ministro, Carlos Juliano Nardes, e de Clorimar Piva, é investigada na Operação Zelotes, que apura suposto esquema de pagamento de propina no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.
Segundo os investigadores, Nardes e o sobrinho receberam, na Planalto, R$ 2,6 milhões da SGR Consultoria, que teria corrompido conselheiros do Carf para favorecer diversas empresas.
A menção a Nardes, porém, já aparece nos autos de outra investigação, iniciada pela PF em 2006, denominada Operação Aqueronte, que não chegou a ser desencadeada. Isso porque havia suspeitas sobre pessoas com foro privilegiado e o caso seguiu para o Supremo Tribunal Federal (STF), onde acabou arquivado pelo ministro Luiz Fux, em 2012.
A movimentação do processo mostra que a Procuradoria-Geral da República voltou a consultar os autos em setembro deste ano. Ali, João Augusto Nardes surge como interlocutor de Piva e Carlos Juliano, em documentos coletados com autorização judicial.
De acordo com a “Folha”, o e-mail mostra que Piva pediu ajuda a uma pessoa que a PF identifica como Nardes para renovar contrato de uma empresa gaúcha vencedora de licitação no valor de R$ 25 milhões no Ministério da Saúde. O objetivo era a confecção de cartões do SUS.
Na mensagem dirigida a “caro João Augusto”, enviada em 27 de novembro de 2006 a um endereço de que os investigadores afirmam ser do ministro, Piva diz que é preciso “renovar o contrato” da empresa, “uma vez que o prazo expira em 31/12/06”. E escreveu: “Temos até quarta para tentar solucionar o problema”.
Piva explicou que o Ministério da Saúde não liberou todos os nomes para a empresa fazer o serviço e “resolveu licitar a confecção de cartões ‘provisórios’, com data marcada para 04/12/06”.
O sócio da Planalto ainda completou: “Parece que tem outros interesses envolvidos. A empresa EGEL é séria, comprou equipamentos quando venceu a licitação e agora corre o risco de perder o contrato”.
Na documentação a que a reportagem teve acesso, não aparece uma eventual resposta de Nardes.
À “Folha”, o ministro do TCU afirmou não se recordar de ter recebido e-mail de Clorimar Piva para tratar de licitação no Ministério da Saúde, mas admitiu que Piva pode ter mandado um e-mail para ele.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “Folha de S. Paulo”