Partido dos Trabalhadores

Nas ruas, mulheres exigem fim de mortes e criminalização da misoginia

Atos contra feminicídio foram realizados em 21 capitais e 89 cidades; petistas defendem que ódio às mulheres seja considerado crime e querem penas mais duras

Rovena Rosa/Agência Brasil

Os números deixam claro o tamanho da dor: em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídios

Unidas contra a escalada de feminicídios que chocaram o país, milhares de mulheres ocuparam ruas, praças e avenidas em pelo menos 21 capitais e 89 cidades, domingo (7), no “Levante Mulheres Vivas”, um movimento apartidário que conta com o apoio do PT. ( https://pt.org.br/mulheres-vao-as-ruas-domingo-7-contra-feminicidio-e-violencia-domestica/

Somente em 2025 o país já registrou mais de 1.180 feminicídios. Empunhando cartazes e faixas com frases e mensagens de revolta e indignação, as mulheres brasileiras deram um basta ao silenciamento histórico, dizendo que não suportam mais tanta violência e morte em razão do gênero. A exigência pela criminalização da misoginia também fez parte dos protestos.  Os números deixam claro o tamanho da dor: em 2024, 1.459 mulheres foram vítimas de feminicídios. Cerca de quatro brasileiras foram assassinadas por dia em 2024 pelo simples fato de serem mulheres. 

Em Brasília, o protesto reuniu a primeira-dama, Janja Lula da Silva, e as ministras das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; das Mulheres, Márcia Lopes; da Igualdade Racial, Anielle Franco; e da Gestão e Inovação, Esther Dweck.

Janja defendeu que penas mais duras para o feminicídio e maior participação dos homens na luta contra a violência doméstica. “Política pública não falta, o que falta é vergonha na cara dos homens, o que falta é um pouco mais de humanidade. A gente precisa parar de falar para nós mesmas, a gente precisa botar os homens para nos ouvirem. Por isso, eu quero conclamar que a gente continue em movimento, porque a gente precisa de penas mais duas para o feminicídio.

Para a ministra Gleisi Hoffmann, essa é uma luta civilizatória, que exige a participação dos homens. “Enquanto as mulheres continuam sendo vítimas de violência, de preconceito, nós não teremos uma sociedade evoluída e uma democracia efetivada. Nós temos um problema histórico e cultural de subjugação das mulheres, e nós temos que mudar isso”, disse.

Já a  ministra Márcia Lopes afirmou que o Levante Mulheres Vivas marca uma virada na luta contra a violência de gênero no país e que não há mais espaço para a naturalização das agressões. “Esse vai ser um momento que vai marcar um novo tempo para a vida das mulheres no Brasil, é isso que a gente precisa”, afirmou. 

Márcia Lopes também destacou a importância da Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher como política de Estado fundamental à proteção das brasileiras. “Nós temos a Ligue 180 há 20 anos, e que já atendeu 16 milhões de mulheres que denunciam e que querem ser orientadas, encaminhadas e protegidas. Então quero dizer que é muito, muito importante que cada uma e cada um de vocês estejam aqui. Queremos pôr em prática tudo aquilo que vocês falaram aqui, esse é o compromisso do presidente Lula”, completou o ministro.

Em Manaus, a secretária nacional de Mulheres do PT, Anne Moura, afirmou que as ruas falaram pelas mulheres: “Nosso ato teve voz, porque não podemos e não vamos mais aceitar sermos silenciados. Nos unimos em cada canto do país para dizer basta ao feminicídio, à violência, ao medo. Somos mulheres de diferentes idades, histórias, núcleos cis, trans, negras, indígenas, periféricas, e estamos de pé por nós, pelas nossas irmãs, por quem já se foi. Não se trata de um protesto de ódio, mas de amor: amor pela vida, pela liberdade, pelo respeito Nosso ato continua no dia a dia, vamos lutar por todos.”

Lula defende movimento nacional de homens contra a violência doméstica

Na semana passada, o presidente Lula reiterou seu apoio à luta das mulheres , condenando os casos de feminicídio. Ao endossar a causa, Lula deixa claro o seu compromisso com a vida das mulheres, sendo enfático ao cobrar uma mudança de postura masculina. 

Ele afirmou ser preciso criar um movimento nacional dos homens contra “os animais que batem e maltratam as mulheres” e que estupram as filhas. Segundo o presidente, o país precisa de lições de caráter, dignidade e respeito às companheiras. Ele pediu a união de todos num esforço para conscientizar o país de que o homem não nasceu para ser violento.

Da Redação do Elas por Elas, com informações do MMulheres