A pandemia do coronavírus segue avançando pelo país, que já ultrapassou a marca de 127 mil mortes por coronavírus e 4.150.311 milhões de contaminações. No feriado, multidões aglomeradas foram vistas nas principais praias do país. A tragédia sanitária é resultado direto da campanha de desinformação sobre a doença promovida por Bolsonaro e da incompetência da pasta da Saúde, cujo ministro interino, general Eduardo Pazuello, esforça-se para não fazer nada em relação ao combate ao vírus. Na sexta-feira (4), nova reportagem do ‘Estado de S. Paulo’ revelou que o ministério mantém os mesmos quase 10 milhões de testes “padrão ouro” parados por falta de insumos. Segundo a denúncia do jornal, dos 22,9 milhões de exames do tipo RT-PCR para Covid-19, apenas 6,4 milhões foram enviados a estados e municípios pela pasta, o que corresponde a 28% do total.
Gestores informaram ao diário que os testes estão encalhados porque o governo enviou kits incompletos para processar amostras. Faltam insumos para a realização de testes. Segundo a reportagem , desde julho, quando o ‘Estadão’ revelou que o governo mantinha 9,85 milhões de testes parados, praticamente não houve distribuição de kits: 9,46 milhões de unidades permanecem paradas no ministério. O jornal noticia que foram distribuídos apenas 2,48 milhões de cotonetes “swab” e 1,8 milhão de tubos, número insuficiente para coleta de amostras. Ainda de acordo com a reportagem, foram enviados aos estados apenas 622,6 mil insumos para coleta de material genético (RNA).
Por causa do atraso, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou somente 2,65 milhões de testes. De acordo com a reportagem, em julho, a pasta omitiu a informação de que fora alertada pelos estados sobre a falta de insumos, declarando o contrário, que estados e municípios não fizeram pedidos.
Negócios com cloroquina
Enquanto isso, o general Eduardo Pazuello age como se o Ministério da Saúde fosse uma empresa de representação da hidroxicloroquina enviada pelos EUA. Segundo a ‘Folha de S. Paulo’, a pasta quintuplicou a distribuição da droga para estados e municípios, numa tentativa de desovar o estoque acumulado nos últimos meses.
A ‘Folha’ revelou que, entre e março e julho, foram distribuídos nada menos do que 6,3 milhões de comprimidos de cloroquina às unidades do SUS. O número representa 455% a mais do que o enviado no ano passado durante o mesmo período. Para Pazuello e Bolsonaro, pouco importa que não exista um estudo comprovando a eficácia da hidroxicloroquina em tratamentos para pacientes infectados por Covid-19. Os testes com a droga, aliás, foram abandonados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) há quase três meses.
Pior: muitos estados não estão utilizando as remessas da droga. É o caso do Paraná, que distribuiu apenas 36% do lote enviado, mesmo percentual do Distrito Federal. Em São Paulo, quase metade dos 986 mil comprimidos encaminhados, cerca de 450 mil unidades, foi devolvido. No Rio de Janeiro, informa o jornal, a Secretaria de Saúde afirmou que tem estoque da droga para três meses, um claro sinal de que a estratégia do “especialista” em logística da pasta revelou-se um completo desastre.
Sem efeito
“Todo mundo receitava cloroquina no início, até termos os primeiros resultados que apontavam que não fazia efeito”, contou ao jornal o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula. “Foi um processo de tentativa e erro. O ministério entregou uma quantidade considerável e, depois, paramos”, relatou.
O Maranhão, segundo o secretário, passará a usar os 80 mil comprimidos acumulados para tratar casos indicados exclusivamente na bula, como lúpus, malária e artrite.
Campanha de desinformação
Na segunda-feira (7), o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, fez referência à campanha de desinformação promovida pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a Covid-19. “Se as comunidades perceberem que estão obtendo informações politicamente manipuladas ou gerenciadas de forma que distorce evidências, isso volta ao governo politicamente em um estágio posterior”, alertou Ryan.
Ele pediu transparência e honestidade dos governos ao tratarem da pandemia.”Os cidadãos no Brasil e em muitos países podem olhar e buscar informações em várias fontes, e, certamente, acho bom estar em uma posição em que você pode ter uma confiança absoluta em qualquer governo, mas também é importante que as pessoas busquem várias fontes de informação”, sugeriu.
“Os bons governos constroem a confiança das comunidades fornecendo-lhes apenas informações verificadas e baseadas em evidências. Porque, se as coisas derem errado, as comunidades vão entender”, disse o diretor de emergências.
Da Redação, com informações de ‘Estado de S. Paulo’ e ‘Folha de S. Paulo’