Por continuar “a praticar crimes e a transferir bens a seus familiares”, foi preso na madrugada desta quarta-feira (14), o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró. Ele está preso na sede da Polícia Federal em Curitiba (Paraná), para onde foi conduzido ao chegar no aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, proveniente de Londres, na Inglaterra.
O advogado do ex-executivo, Edson Ribeiro, contestou a prisão e afirmou, em entrevista à Agência Brasil, que ainda hoje estará no Paraná, numa tentativa de compreender as razões do mandado de prisão. De lá, Ribeiro segue até Porto Alegre, onde tentará, com apresentação de pedido de habeas corpus ao Tribunal Regional Federal (TRF), libertar o cliente. Para o advogado, a tentativa de transferir bens e dinheiro não foi ilegal.
Cerveró passou a madrugada em uma sala especial nas dependências do aeroporto e seguiu para Curitiba em avião de carreira. Outros acusados de participar da Operação Lava-jato, que investigou esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras, estão presos no mesmo local.
O Ministério Público Federal (MPF) informou, ainda na madrugada, que a prisão foi necessária para “resguardar a ordem pública e econômica e para evitar a continuidade dos crimes que vinham sendo praticados” pelo ex-dirigente da estatal.
A casa do executivo e de parentes foi submetida a mandados de busca e apreensão. Informações do Conselho de Controle de Atividades (Coaf) indicaram às autoridades que Cerveró tentou transferir R$ 500 mil para a filha, além de imóveis adquiridos com preços subavaliados
Ele foi denunciado pelo MPF, em dezembro de 2014, por lavagem de dinheiro e corrupção ativa, passando a réu no processo da Operação Lava-jato juntamente com o doleiro Alberto Youssef, Fernando Antonio Falcão Soares, o “Baiano”, que seria o operador do PMDB no esquema, além de empresários de várias empreiteiras acusados de fraudar licitações de obras da Petrobras.
O autor das denúncias, em acordo de delação premiada, o ex-diretor Paulo Roberto Costa (de Abastecimento), apontou Cerveró como um dos principais beneficiários do esquema de propina que envolveu a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que teria gerado prejuízos de US$ 792 milhões à Petrobras.
Bloqueio – Na terça-feira (13), a Justiça Federal do Paraná decidiu manter o bloqueio das contas e fundos de investimentos dos réus investigados na Operação Lava Jato, em resposta às tentativas judiciais dos advogados dos réus de liberar os valores bloqueados.
No final de 2014, o juiz Sérgio Moro, condutor do processo sobre as investigações, determinou o bloqueio de mais de R$ 100 milhões das contas de 16 investigados e empresas ligadas ao esquema, até o limite de R$ 20 milhões.
A manutenção do bloqueio foi defendida pelo MPF, sob alegação de ser necessário para garantir o ressarcimento aos cofres públicos. Na mesma decisão, a mulher do diretor da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, foi autorizada a movimentar as contas para cobrir despesas familiares.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias