O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceu, nesta terça-feira (11), à abertura da 5ª Marcha das Margaridas, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, para apoiar a luta das mulheres do campo, das cidades, das florestas e das águas.
Durante o ato, Lula foi agraciado com um chapéu, por uma representante da manifestação. O acessório virou uma espécie de símbolo das mulheres da marcha. O petista destacou a força das mulheres do movimento e aproveitou para saudar a presidenta Dilma Rousseff.
“Ousamos eleger uma mulher que aos 20 anos foi presa e torturada. E hoje, com a coragem das mulheres, ninguém ameaçará a democracia”, ressaltou.
“Foi a dignidade de vocês que construiu esse país” disse Lula.
Durante a cerimônia, várias representantes da Marcha das Margaridas declararam solidariedade ao mandato de Dilma Rousseff e criticaram a oposição pela tentativa de golpe. O ex-presidente defendeu a eleição da petista.
“Algumas pessoas não perceberam que a eleição acabou dia 26 de outubro e que a Dilma é presidenta deste país”, afirmou.
Para Lula, não se deve julgar a gestão da petista em “seis meses de mandato”. Sobre a atual crise, ele ressaltou que são resquícios da crise financeira de 2008 que atingiu os Estados Unidos, a Europa e, consequentemente, o Brasil.
O ex-presidente ressaltou que “algumas pessoas querem jogar a responsabilidade na presidenta Dilma” e relembrou que a gestão tucana deixou o país em uma situação econômica fragilizada.
“Hoje a inflação está 8% ao ano, mas no tempo deles era 80% ao mês. Quando eu cheguei na Presidência da República, esse país estava quebrado. Ele dependia do FMI” , recordou.
Na avaliação de Lula, é preciso “discutir” o Brasil. O petista promete ouvir e estar mais presente do povo brasileiro e defende que Dilma esteja mais próxima do eleitor.
“Ela vai continuar andando por um canto, os ministros vão ter que andar por outro, os deputados por outro, os senadores por outro e eu, por outro. Eu quero ver se os nossos adversários estão dispostos a andar por esse país e discutir esse país como ele precisa ser discutido”, disse.
Muito aplaudido e ovacionado pelos presentes, foi enfático ao dizer que “com a força do povo, a coragem e a garra das mulheres desse país, não há ninguém que possa tentar ameaçar o processo de condução democrática que está em curso nesse país”.
Marcha das Margaridas – Cerca de 20 mil pessoas de vários estados participam do evento, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag). Este ano o tema é “Desenvolvimento Sustentável com Democracia, Justiça, Autonomia, Igualdade e Liberdade”.
As mulheres que participam da manifestação lutam pela reforma agrária, pela segurança alimentar prejudicada pelos transgênicos, reivindicam a violência contra a mulher no campo e na cidade, questionam o agronegócio, entre outras questões.
Desde 2000 acontece a Marcha das Margaridas em homenagem a Margarida Maria Alves, assassinada por latifundiários no dia 12 de agosto de 1983. A camponesa lutou por direitos trabalhistas e pelo fim da violência no campo.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), durante a cerimônia de abertura da marcha, reforçou que a luta da camponesa continua por causa da perseverança das mulheres que participam do evento.
“Maria Alves, a sua luta está aqui”, disse.
Nesta quarta-feira (12), as “margaridas” marcham em direção ao Palácio do Planalto para entregar à Dilma Rousseff uma carta de reivindicações. Às 15h, está prevista visita da presidenta no Mané Garrincha, onde prestará apoio as mulheres trabalhadoras do campo.
Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias