“Não se cura além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas”. Mais que uma frase, esse era o lema da mulher que revolucionou a história da psiquiatria no Brasil e no mundo: Nise Magalhães da Silveira.
Foi na cidade de Maceió, em 1905, que Nise nasceu para humanizar o tratamento psiquiátrico e lutar contra métodos agressivos, como o eletrochoque. Uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no país, estudou em uma turma de 157 alunos, onde era a única mulher. Defensora dos direitos femininos, ainda na graduação apresentou o “Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil”.
Por volta de 1940, foi também pioneira na prática da terapia ocupacional, método que utiliza atividades recreativas no tratamento de distúrbios psíquicos.
Se mudou para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar no serviço público, mas por causa de seus posicionamentos políticos foi presa entre 1934 e 1936, “acusada de comunista”. Quando foi solta, passou oito anos na semi-clandestinidade, só em 1944 pode retomar o serviço público.
Começou a trabalhar no Centro Psiquiátrico Nacional, mas se recusou a praticar o que viu nesse setor: técnicas agressivas de eletrochoque, cirurgias invasivas e controversas. Foi então transferida para o setor de Terapia Ocupacional, uma área que na época era considerada desnecessária.
Foi lá que começou a usar um ateliê de arte como procedimento para realizar a terapia ocupacional. Inovou em utilizar a arte para estabelecer a comunicação de pacientes esquizofrênicos, e promoveu a simpatia colocando animais para conviverem com os pacientes.
Através dessa renovação nas técnicas da psiquiatria, Nise alcançou resultados muito positivos. O Museu de Imagens do Inconsciente no Rio de Janeiro foi criado para expor as obras desses pacientes.
Parte do legado de Nise, a reforma psiquiátrica ou luta antimanicomial, começou com a criação da Casa das Palmeiras, a primeira instituição que tinha como projeto desinstitucionalizar os manicômios, fundada em 1956, recebia pacientes que saíam dos tradicionais hospitais psiquiátricos.
Ao longo de sua vida também publicou diversos livros e artigos.
Prêmio Nise da Silveira
O plenário aprovou o prêmio Nise da Silveira de Boas Práticas e Inclusão em Saúde Mental, a ser concedido, anualmente, pela Câmara dos Deputados a cinco personalidades, pessoas físicas ou jurídicas, que se destacarem em ações de promoção da saúde mental.
Da Redação da Secretaria Nacional de Mulheres do PT com informações de AzMina