Partido dos Trabalhadores

No 20º dia do ato extremo, militantes recebem visita da Contag

Em manifestação realizada neste domingo (19), os grevistas que exigem liberdade de Lula receberam solidariedade de parlamentares e outros apoiadores

César Ramos/Contag

Grevistas de fome e apoiadores durante ato realizado neste domingo (19)

Os sete militantes de movimentos populares que estão em greve de fome desde o dia 31 de julho em Brasília (DF) continuam recebendo, diariamente, visitas e manifestações de apoio.

Neste domingo (19), foi a vez de os grevistas contarem com a presença de cerca de 120 representantes da Escola Nacional de Formação da Contag (Enfoc), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.

Dirigentes e estudantes da instituição estão em viagem a Brasília para a realização de um curso e aproveitaram a oportunidade para manifestar solidariedade ao grupo.

A estudante Flaviana Almeida, do Maranhão, considera que a iniciativa dos grevistas representa um exemplo para a militância política e popular. Para ela, a visita da delegação ao grupo fortalece as ações de quem atua nas fronteiras pela garantia de direitos. “É uma renovação das energias pra continuar na luta”, afirma.

O exemplo de solidariedade também transpõe as fronteiras nacionais. Além de reunir estudantes de diferentes estados, a delegação da Contag levou militantes de outros países para prestarem apoio aos grevistas.

É o caso da estudante Marta Lopes, do Paraguai. Em entrevistas ao Brasil de Fato, ela destacou que o ponto principal da pauta da greve, a soltura do ex-presidente Lula (PT), exige uma articulação conjunta de diferentes forças nacionais e internacionais. “Consideramos que é uma causa internacional. O Brasil é grande e é um expediente de luta pra nós. Isso significa muito”, afirma.

Durante a visita dos militantes, foi realizado um ato político no local onde os grevistas estão alojados, no Centro Cultural de Brasília (CCB), do qual participaram também parlamentares, juristas e outros apoiadores.  “Nós estamos aqui apenas retribuindo o alimento que eles nos fornecem todo dia pra saciar a nossa fome de justiça. Estamos dizendo que estamos numa grande corrente para que possamos trazer a justiça de volta a este país”, destacou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).

Durante a celebração, os grevistas foram convidados a abençoar uma caixa de sementes de jatobá destinadas a assentamentos de movimentos populares no Distrito Federal. O pedido veio do voluntário José Ivan Maia de Aquino, da “Ação Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida”, campanha criada pelo sociólogo brasileiro Herbert de Sousa, o Betinho.

Aquino destacou que as sementes representam a ligação com a terra e a multiplicação dos alimentos como símbolo do combate à fome. “As coisas imateriais têm uma força, uma potência, e a simbologia da bênção é como se fossem energias positivas”, complementa.

Ao final do ato, os militantes em greve agradeceram a solidariedade e reforçaram que o protesto segue por tempo indeterminado. Neste domingo, 19 de agosto, os grevista completam vinte dias sem comer.

“No fundo, o que alimenta o ser humano não é o que sustenta o corpo. Sem dúvida, a gente passa a ter uma capacidade de resistência maior do que o que a gente imagina”, afirmou a grevista Rafaela Alves, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

A greve de fome é articulada por movimentos da Via Campesina, pelo Levante Popular da Juventude e pela Central de Movimentos Populares (CMP).

O foco dos militantes que entraram em greve em defesa da liberdade  de Lula é conseguir que o Supremo Tribunal Federal (STF) coloque em votação as ações declaratórias de constitucionalidade (ADCs) que questionam a prisão após julgamento de segunda instância.

Colocar as ADCs na pauta do plenário depende da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia.

Por Brasil de Fato