Partido dos Trabalhadores

No Brasil onde povo ganha R$ 400 por mês, Guedes diz que ‘pobre não sabe poupar’

Ministro da Economia mostra a verdadeira face do governo antipovo ao sugerir que as pessoas são pobres por escolha própria: “pobre consome tudo e não guarda dinheiro”

Agência Brasil

Paulo Guedes

O que pode ser pior que defender a entrega do patrimônio nacional e tentar importar para o Brasil o falido modelo econômico do Chile? Quando se trata de Paulo Guedes,  há sempre espaço para novos absurdos. O discípulo de ultrapassadas políticas neoliberais como a capitalização da Previdência e crítico ferrenho dos direitos trabalhistas, o ministro da Economia agora deu para desdenhar abertamente dos pobres do país.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o “chicago boy” (referência à Universidade de Chicago, considerada o berço do neoliberalismo) mostrou porque é chamado de “guru” pelo seu impopular chefe Jair Bolsonaro. Ao responder a uma pergunta sobre a Carteira Verde e Amarela,  sugerida pela atual gestão sob o falso verniz da modernidade, Guedes não só voltou a defender a capitalização privada da Previdência (aquela mesma que tem levado os idosos chilenos à miséria) como também sugeriu que só existe pobre no Brasil por opção.

“Um menino, desde cedo, sabe que ele é um ser de responsabilidade quando tem de poupar. Os ricos capitalizam seus recursos. Os pobres consomem tudo”, respondeu o super ministro do retrocesso, responsável direto pelas nefastas reforma da Previdência e a segunda fase da reforma Trabalhista, dois dos mais cruéis projetos levados adiante em 2019.

50% dos brasileiros vive com R$ 413 reais por mês, diz Pnad

Ainda que seja reverenciado pelos bolsonaristas como “profundo conhecedor de economia”, Guedes parece não saber alguns dados básicos sobre o rendimento financeiro médio do brasileiro:  segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) publicada em outubro, 50% da população, quase 104 milhões de brasileiros,  vive, em média, com apenas R$ 413.  A mesma pesquisa aponta que outros 10,4 milhões (5%) sobrevivem com R$ 51 mensais.

Na outra ponta da pirâmide, a situação parece melhor do que nunca, sobretudo após o golpe de 2016. Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas revela que após o período de recessão, os 10% mais ricos do país já acumulam aumento de 3,3% de renda do trabalho – ou seja, além de superar as perdas, já ganham mais que antes.

“Um menino, desde cedo, sabe que ele é um ser de responsabilidade quando tem de poupar. Os ricos capitalizam seus recursos. Os pobres consomem tudo”, Paulo Guedes

Guedes também não deve saber que,  segundo o IBGE, os mais ricos – que representam apenas 10% da população – chegam a receber 17,6 vezes mais que os 40% mais pobres. Na divisão por capitais, essa diferença chega a 34,3 vezes.

Da Redação da Agência PT de Notícias com Folha de S. Paulo