O presidente Lula sobrevoou neste domingo (9/4), pela manhã, a região de Trizidela do Vale, atingida pelas chuvas. Acompanham Lula o governador maranhense Carlos Brandão e os ministros Flávio Dino, Alexandre Padilha, Paulo Pimenta, Waldez Góes e Luiz Marinho.
Ao todo, 64 cidades estão em estado de emergência. Mais de 35 mil famílias foram atingidas. No estado, 64 municípios haviam decretado emergência até a última sexta, 7. Cerca de 7 mil estão desabrigadas ou desalojadas. Seis pessoas morreram.
“Hoje é dia de Páscoa, de confraternização com as famílias. Mas vim ao Maranhão porque vou para a China na próxima terça e não poderia viajar para outro país sem antes vir a um dos estados do país que mais está sofrendo com enchentes”, disse Lula em seu perfil de Twitter.
“Vivemos um governo que ao invés de vir aqui ajudar, só ofendia o governador
@FlavioDino e o povo do Maranhão. Agora, nós vamos mostrar que não é possível o país dar certo sem união”, continuou falando sobre sua decisão de alterar sua agenda.
E continuou: “Eu já morei em bairros que enchia d’água. Eu sei o que as pessoas afetadas pela enchente passam. Perdem geladeira, fogão, colchão. Temos que cuidar das pessoas atingidas. A união entre governo federal, estadual e municipal é obrigatória”.
Após o sobrevoo, o presidente seguirá para o aeroporto de Bacabal (MA), onde falará com a imprensa. Acompanhe aqui a cobertura dos eventos.
Confira a manifestação do presidente Lula
Veja aqui o vídeo e a íntegra da manifestação do presidente Lula durante a entrevista.
“Primeiro, quero pedir desculpas a vocês e às pessoas que vieram comigo porque hoje é Dia de Páscoa, hoje é dia de confraternização das famílias e eu decidi vim aqui porque eu vou para a China na próxima terça-feira de manhã e vou ficar sete ou oito dias fora e eu não poderia viajar para outro país sem visitar os estados brasileiros que estão com problema de enchente, e o Maranhão é o estado que está com a situação mais difícil, apesar que o Ceará, aqui perto, também tem problemas de enchente, mas o Maranhão é um estado que está com mais cidades em situação de calamidade, situação de emergência.
“E eu vim aqui só para fazer aquela visita de conforto às pessoas que estão passando necessidade. É importante vocês saberem que eu já morei em bairros que enchia d’água e não era pouca não. Era um metro e meio de água e a gente ficava disputando espaço de noite, quando acordava, com barata, com rato. Depois, a chuva ia embora e você tinha que ficar tirando um palmo e meio de lama, com sanguessugas pegando nas tuas canelas. Eu sei o que esse povo passa. Eu sei o que esse povo passa, deixar sua casa, deixar seus móveis, às vezes, não tem tempo de tirar, perde tudo que tem. Perde geladeira, perde fogão, perde cama, perde colchão. E essas coisas são coisas que nós precisamos aprender, primeiro, a tentar convencer essas pessoas que, num processo de construção de novas casas, porque não é possível construir as novas casas no mesmo lugar das casas que encheram.
“Está aqui o ministro das Cidades me ouvindo, no projeto de construção de novas casas, nós precisamos convencer as pessoas que não é possível construir uma casa num lugar que a gente sabe que vai dar enchente. Vocês que têm um pouco de mais idade sabem que, em 2009, eu vim aqui em Bacabal, numa cheia, a Roseanne era governadora, e eu tive aqui, no mesmo rio, na mesma enchente, numa demonstração de que quando a gente mora perto do rio não tem jeito. Não tem jeito. Não tem jeito, a gente vai sofrer enchente quando a chuva for demais.
“E a gente, às vezes, fica chateado, mas temos que agradecer a Deus à chuva porque muitas vezes o Brasil está precisando de chuva. Nesse ano, a gente não vai ter problema de energia porque todos os lagos, hidrelétricas estão todos cheios.
“E eu acho que nós temos que cuidar das pessoas que foram vítimas. As pessoas pedem colchão, as pessoas pedem botijão de gás, as pessoas pedem qualquer coisa para dar um certo conforto, coisa que o governo pode fazer. Essa junção entre o governo federal, governo estadual e os governos municipais é obrigatória.
“Vocês sabem que nós acabamos de ter um governo que, ao invés de vir aqui ajudar o Flávio Dino, ele brigava todo santo dia pela imprensa com o Flávio Dino, e não trouxe absolutamente nada para o estado do Maranhão. Nada. A não ser ofensa pessoal ao governador e, ofendendo o governador, chegou ofendendo o povo do Maranhão.
“Então, agora, nós queremos mostrar que não é possível esse país dar certo se não tiver uma combinação entre prefeitos, entre governadores e entre presidente da República.
“É por isso que eu fui visitar. A cidade, ninguém sabia o nome dela direito, chamada Trizidela. Fui visitar o nosso prefeito Deibson. Queria dizer que é muito importante estar aqui com o Edvan, de Bacabal, estar com a nossa prefeita Vanessa Maia, de Pedreiras, também sobrevoei Pedreiras. Não pude parar em Trizidela porque o avião presidencial que está aí é um avião que pesa 10 toneladas, o helicóptero, e eles não têm segurança se pousar num campo de futebol. Depois de chover tanto, se ele vai afundar, e a gente não sairia daqui. Foi por isso que eu não consegui pousar o avião em Trizidela. Eu queria visitar um acampamento para lá. Graças a Deus, eu pude parar aqui no aeroporto e visitar o acampamento de Bacabal, o abrigo, fui ver lá as pessoas.
“Realmente, as pessoas merecem ajuda, companheiro Brandão, companheiro Waldez, companheiros prefeitos, tudo o que vocês fizerem para essas pessoas pode ficar certo que vocês receberão em dobro porque é obrigação moral, política e ética a gente cuidar dessa gente que sofre e que precisa de nós.
“Então, eu volto para casa orgulhoso, orgulhoso de ter podido entrar nos acampamentos, embaixo, entrar nos quartos das pessoas, ver a situação da pobreza, situação que eu já vivi. Só que, quando eu vivi, eu tinha 19 anos de idade. Com 19 anos de idade, não tem tempo feio. A gente saía da água, ia para um lugar dormir, dormia 30, 40, 50, 60 pessoas junto, não tinha nem divisão de sei lá. Para quem tem 20 anos não tem problema, não, porque tudo é festa.
“Vim ver como é que essas pessoas estão, quero dizer ao povo do Maranhão, ao meu querido Brandão, que o governo federal não faltará em nenhuma hipótese a necessidade do governo do Maranhão para cuidar do povo desse estado e, sobretudo, cuidar das pessoas que estão ficando em situação muito desconfortável como as que estão com as casas alagadas.
“Eu quero me despedir de vocês dizendo o seguinte. Eu peço desculpas porque todos vocês já poderiam ter aberto o ovo de Páscoa de vocês. Eu ganhei um da Janja, só vou abrir de noite, não sei se vale, mas vou abrir de noite. Espero que vocês voltem para casa, almocem com a família de vocês e trate a família com muito carinho porque a família é a coisa mais preciosa que a gente na vida e a gente tem que cuidar de pai, de mãe, de filho, de irmão, de tio, de vó e também dos colegas, dos companheiros de trabalho. E vocês, jornalistas, que andaram muito aperreados com o governo passado, não é, gente.
“Muito obrigado, muito obrigado, companheiro Brandão. Companheiros, e até a próxima vez. Eu espero que eu venha aqui num próximo dia de festa, um dia de alguma festa da cidade do Maranhão, e não um momento de dificuldade que eu vi aqui. Um grande abraço, um beijo no coração de cada uma de vocês, de cada um de vocês. E até breve, se Deus quiser”.
Da Redação, com Secom