O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), destacou nesta segunda-feira (27) a importância do fortalecimento do Mercosul e rebateu críticas ao bloco feitas pelo presidente eleito da Argentina, o ultradireitista Javier Milei, e alguns de seus assessores, durante a campanha eleitoral no país vizinho. Zeca Dirceu citou os vários ganhos da integração regional e manifestou expectativa de que as críticas de Milei sejam dissipadas “à luz da realidade”.
“Com 32 anos, o Mercosul é um marco no processo de integração regional e beneficiou todos os integrantes do bloco. Reforçou a capacidade econômica e industrial dos países-membros e o Cone Sul ganhou voz nos foros internacionais”, disse, ao lembrar que os dados econômicos e comerciais evidenciam com nitidez a importância estratégica da integração iniciada há três décadas por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Para o parlamentar, “não interessa a ninguém o desmantelamento ou enfraquecimento do Mercosul”. Ele lembrou que os parceiros do bloco ocupam o 4º lugar das exportações do Brasil, país que ocupa o 1º posto como destino das exportações dos três sócios brasileiros. Argentina, Paraguai e Uruguai são o quarto maior fornecedor externo do mercado brasileiro.
Simon Bolívar
“Os dados econômicos nos revelam que a integração latino-americana, tão sonhada por Simon Bolívar, é factível, lucrativa, com ganhos em diferentes áreas”, assinalou o líder do PT durante a XC Sessão Plenária do Parlamento do Mercosul. Ele sublinhou que o bloco é uma das maiores economias do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 2,67 trilhões.
Com a integração iniciada em 1991, o comércio intrazona cresceu exponencialmente. Se naquela época o comércio entre os quatro era em torno de US$ 4 bilhões ao ano, em 2021 superava os US$ 40,6 bilhões. “Significa que houve um crescimento de mais mil por cento no período”, observou Zeca Dirceu.
O deputado disse que à parte os ganhos econômicos, comerciais e diplomáticos, a aproximação entre os quatro países do Cone Sul “foi uma conquista histórica para o rompimento de desconfianças mútuas e para a superação da falta de conhecimento recíproco entre os povos da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai”.
Argentina e BRICS
Zeca Dirceu frisou também a importância do BRICS- formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul- , para a Argentina, que destina ao bloco a maior parte de suas exportações. Ele criticou o afastamento da Argentina do BRICS, como assessores próximos a Milei defenderam.
Com base em matéria do jornal argentino Página12, destacou que há atualmente na Argentina 2580 empresas (7% do total) que exportam ao Brasil. Enquanto há 668 empresas (2% do total) que vendem à China.
“Essas empresas empregam cerca de 632 mil trabalhadores, ou seja, 40% da mão de obra de exportadores. Desprezar ou ignorar a importância dessas parcerias econômicas e comerciais significaria, na Argentina, um desemprego em massa. Isso não interessa ao povo argentino e nem aos parceiros do bloco”, comentou o deputado. O novo governo argentino já anunciou que não ingressará no Brics.
Zeca Dirceu frisou a importância do Mercosul para o povo brasileiro, já que o projeto de integração regional “assegurou o rompimento do histórico isolamento de nosso país com os vizinhos, por fatores históricos, culturais e geográficos”. E completou: “Essas três décadas foram vantajosas em todos os sentidos para os quatro sócios. Não é hora de brincadeiras sobre enfraquecimento do bloco.”
Ele defendeu o aprofundamento da integração, expandindo-a a outros países sul-americanos. “Uma América do Sul mais integrada negocia com a União Europeia e outros blocos e países de maneira mais vigorosa”. Para Zeca Dirceu, “mais integração no Mercosul”, com mais sócios, é melhor para todos, pois se trata de uma ação estratégica para o subcontinente, com uma população de 450 milhões de pessoas e alguns trilhões de dólares de PIB.
“Aprofundar a integração estratégica, independentemente das posições políticas e ideológicas de presidentes, é de interesse de todos os povos da região. Quanto mais criarmos mecanismos, instituições democráticas e acordos que intensifiquem a integração, com mais acesso a bens e serviços, mais circulação de pessoas, mais condições teremos de criar uma região com desenvolvimento, cooperação, justiça social e solidariedade latino-americana”, afirmou.
“Como dizia o ex-presidente argentino Juan Domingo Perón, a única verdade é a realidade. E a realidade dos números e conquistas do Mercosul supera qualquer preconceito ou cartilha neoliberal.”, completou o deputado.
Assessoria Parlamentar