O desemprego e o fim do auxílio emergencial nos EUA já produzem um efeito social que deverá ser repetido e agravado no Brasil a partir de janeiro, quando cessará o benefício de R$ 300 à população: os saques a supermercados e lojas de comida. Reportagem do ‘Washigton Post’ replicada no ‘Estadão’ desta sexta-feira (11) aponta que, desde o presidente Donald Trump abandonou o povo americano à própria sorte, ao cortar o auxílio meses atrás, o numero de furtos de itens básicos como carne, arroz, xampu e sabão em pó disparou.
“A recessão do coronavírus é uma impiedosa mistura de alto desemprego e incerteza econômica”, descreve o diário americano. “O estímulo do governo que evitou que milhões de americanos caíssem na miséria no início da pandemia já acabou há muito tempo, e uma nova ajuda ainda não passa de um distante ponto de luz no horizonte após meses de inação no Congresso”. O problema da fome, aponta o ‘Post’ “tornou-se crônico, alcançando níveis jamais vistos em décadas”. Fenômeno semelhante ao que já ocorre no Brasil: recentemente o IBGE confirmou o retorno do país ao Mapa da Fome das Nações Unidas.
A reportagem relata que o gerente do supermercado Capitol Joo Park declarou que os furtos mais do que dobraram no local. “A situação ficou muito mais difícil durante a pandemia”, declarou ele. “As pessoas dizem: ‘Estou com fome’. E então, o que podemos fazer?”, indagou.
Ainda segundo com o jornal, os furtos em lojas atingiram níveis mais elevados do que os registrados em crises econômicas do passado, “de acordo com entrevistas com mais de uma dezena de varejistas, especialistas em segurança e departamentos de polícia de todo o país”. Os itens roubados são o que mais chamam a atenção: produtos básicos como pão, macarrão e leite em pó para bebês, crimes relatados como “de baixo potencial ofensivo”.
O diário americano ressalta ainda que a chegada do inverno e a explosão da pandemia tornam o quadro ainda mais desolador. Não há previsão de melhora imediata. “A perspectiva a curto prazo é macabra”, descreve o ‘Post’. “Mais de 20 milhões de americanos estão utilizando algum tipo de seguro desemprego, e 12 milhões de pessoas ficarão sem os benefícios no dia seguinte ao Natal, a não ser que novas assistências se concretizem”.
O jornal informa que pelo menos 54 milhões de americanos terão passado fome até o fim de 2020, o que corresponde a uma alta de 45% em relação ao ano passado, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA. A reportagem lembra que o corte em programas de assistência nutricional elevou as filas nos bancos de alimentos e postos de distribuição de refeições, que ficaram saturados pela presença de milhares de pessoas aguardando um prato de comida.
Vários programas federais de alimentação que forneceram bilhões de dólares em produtos frescos, laticínios e carne para os bancos de alimentos americanos vão expirar no fim do ano.
Da Redação, com informações de ‘Washington Post’