A disputa eleitoral para a prefeitura de Salvador ganhou novos ares com o debate aberto pelo movimento “Eu quero Ela” (criado por várias organizações), que propôs a discussão a respeito da necessidade de uma candidatura negra com reais chances de ocupar o poder executivo local, numa cidade onde 85% da população é negra e nunca conseguiu eleger, pelo voto direto, um prefeito ou prefeita negra. Parte considerável da esquerda soteropolitana aderiu ao movimento que acabou se tornando um dos principais temas debatidos em toda a cidade.
O PT de Salvador abriu o processo de inscrição para as pré-candidaturas majoritárias onde 5 postulantes se inscreveram, dentre eles a socióloga Wilma Reis, o vereador Moisés Rocha e a secretária de Estado, Fabya Reis. Um homem e duas mulheres negras. Diante da solicitação de posicionamento desta Secretaria Nacional de Combate ao Racismo sobre o assunto, o Coletivo Nacional tem o seguinte a declarar:
- O processo escravocrata ocorrido no Brasil deita até os dias de hoje suas profundas raízes sobre a sociedade brasileira onde, mesmo sendo maioria, a população negra não se encontra representada nos espaços de poder e a cidade de Salvador é um exemplo vivo desta não representação;
- A luta por um país mais justo, plural e inclusivo passa, necessariamente, pela incorporação de toda a população, negra e não negra, na construção de estratégias antirracistas e promotoras da igualdade racial, e as candidaturas negras apresentadas, em especial das mulheres, contribuem para essa tarefa;
- Defenderemos junto aos Diretórios Nacional, Estadual da Bahia e Municipal o lançamento e a campanha de uma candidatura negra para a prefeitura de Salvador, como símbolo da incorporação pelo Partido dos Trabalhadores do respeito a sua militância negra e de sua disposição de luta contra o racismo;
- Que essa candidatura debata e proponha saídas reais para os problemas crônicos e estruturais de Salvador, umas das maiores e mais importantes cidades do Brasil; proponha implantar o modo petista de governar; e defenda o legado histórico dos governos do PT, bem como a anulação do processo injusto que condenou o ex-presidente Lula;
Vamos dialogar com todas as forças políticas e com as lideranças não negras da Bahia e de Salvador, no sentido do convencimento de que o lançamento, e a vitória, de uma candidatura negra naquela cidade, será uma das respostas mais contundentes e eficazes que o PT e as esquerdas poderão dar ao acelerado processo de construção do fascismo que a extrema direita tenta impor ao Brasil no momento atual.
São Paulo, 09 de janeiro de 2020.
Secretaria Nacional de Combate ao Racismo
Coletivo Nacional de Combate ao Racismo