Já está funcionando a pleno vapor o novo acampamento da Vigília Lula Livre em Curitiba. “Cumprimos com as autoridades o acordo que assinamos ontem. A avaliação é de vitória, pois mantivemos a mobilização perto da sede da Polícia Federal e ao mesmo tempo temos melhores condições para os companheiros acampados”, diz Pedro Carrano, coordenador da Frente Brasil Popular.
A transferência das barracas da vizinhança da PF para um terreno a cerca de 800 metros de distância começou logo cedo nesta terça-feira (17). Depois do café da manhã, iniciou-se a mudança das cozinhas. “Pegamos as coisas, colocamos no caminhão e descemos a pé para cá, sem intervenção da polícia, nem confronto com coxinha”, relata Branca dos Santos, do Acampamento Herdeiros da Terra, em Congonhinhas (PR).
Logo após a chegada dos militantes ao novo acampamento, os vizinhos chamaram a polícia, pensando equivocadamente que o terreno estava sendo invadido. “Por isso aqui é bem melhor: agora temos um local adequado, alugado de particular, com contrato assinado, onde podemos ficar tranquilamente. Mostramos o contrato de aluguel aos policiais, que foram embora”, afirma Branca.
A militante considera a transferência do acampamento uma vitória na luta para libertar Lula. “Estrategicamente, para o MST é um avanço, pois estamos melhor instalados”, opina. De fato, a mudança do acampamento deve-se ao sucesso da Vigília Lula Livre, que não para de crescer. O número de barracas cresceu tanto que já não cabia nas ruas próximas à PF.
Outra vitória, segundo Branca, foi poder conviver com os vizinhos da sede da PF nos dez primeiros dias do acampamento. “Aos poucos fomos mudando o pensamento de muitas pessoas, que reconheceram jamais ter tido acesso a outro ponto de vista”, diz.
Para os organizadores do acampamento, a transferência de local tranquiliza a todos e permite acumular energia para as próximas etapas da luta para libertar Lula. “A gente espera que Lula seja solto logo, mas ficar acampado na rua indefinidamente não é bom para ninguém”, acrescenta a militante do MST.
Enquanto isso, a Vigília Lula Livre segue crescendo. “Hoje falei com uma senhora de Santa Catarina, que pegou o carro lá e veio para estar com a gente”, conta Branca.
Já nesse primeiro dia no novo acampamento, o almoço estava pronto antes das 13 horas. “Hoje foi feijão, arroz, carne, batata e salada”, diz Fabiane Santos Messias, do acampamento Carlos Marighella, em Congonhinhas (PR).
Ela também considera a transferência uma vitória. “Desde o início a intenção era não acampar lá em cima. Só ficamos lá por causa da recepção com bombas que tivemos no sábado, para marcar uma resistência mais forte. Há quem pense que foi um passo atrás, mas já estava na nossa estratégia”, afirma.
Luis Lomba, da Agência PT de Notícias