Parte do esforço do governo Dilma Rousseff de equipar o setor de defesa, com o fortalecimento da indústria nacional, o protótipo do maior avião desenvolvido e fabricado no Brasil, o KC-390, foi apresentado nesta terça-feira (21), na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto (SP). “Além das missões de transporte de tropa e reabastecimento em voo, será um avião que também vai estar presente em ações de defesa civil “, disse o ministro da Defesa, Celso Amorim, ao batizar a aeronave.
A grande diferença do KC-390 em relação a outros projetos desenvolvidos pela indústria nacional é que, dessa vez, o avião tem expectativas claras de exportação. Argentina, Portugal e República Tcheca participam do projeto e outros países manifestaram interesse na aquisição da aeronave.”É um produto que vai marcar para sempre a capacidade da indústria brasileira”, afirmou o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito.
O governo brasileiro investiu R$ 12,1 bilhões no projeto, dos quais R$ 4,9 bilhões para o desenvolvimento da aeronave e R$ 7,2 bilhões para a aquisição de 28 unidades para a Força Aérea Brasileira.
De acordo com a Embraer, o voo inaugural do KC-390 acontecerá ainda este ano. Após uma série de testes, a Força Aérea Brasileira irá receber a primeira unidade em 2016. A frota da FAB irá cumprir missões como operações em pequenas pistas na Amazônia, transporte de ajuda humanitária, lançamento de paraquedistas, busca e salvamento, reabastecimento em voo de outras aeronaves, pousos na Antártica e combate a incêndios florestais.
“O KC-390 representa para a Força Aérea Brasileira e para a indústria nacional o ápice, o coroamento da nossa capacidade de emitir requisitos e principalmente a capacidade da nossa indústria nacional de desenvolver um produto aeroespacial de última geração”, afirmou o brigadeiro José Augusto Crepaldi Affonso, responsável pela condução do projeto.
Sucessor – O projeto da Embraer visava, desde o início, o desenvolvimento de uma aeronave a jato capaz de cumprir as missões realizadas pelo avião norte-americano C-130 Hércules. O C-130 está em uso na Força Aérea Brasileira desde a década de 1960 e, atualmente, continua em serviço em cerca de 70 países. “A aeronave vai fazer tudo o que o C-130 faz. melhor e mais rápido”, diz o coronel da FAB Sérgio Carneiro, engenheiro e gerente do projeto. Para se ter uma ideia, a versão mai moderna do Hécules alcança, no máximo, 671 km/h, enquanto o KC-390 pode voar a 850 km/h.
Outras vantagens são o menor custo de manutenção e mais autonomia de voo. Um KC-390 poderá decolar de Brasília e chegar, sem escalas, a qualquer capital brasileira com até 23 toneladas de carga. Nas asas, o avião poderá levar 23,2 toneladas de combustível disponíveis para alimentar as próprias turbinas e, caso necessário, fazer o reabastecimento em voo de outras aeronaves. O KC-390 também terá a capacidade de ser reabastecido em voo por outros aviões.
O compartimento de carga do novo cargueiro da FAB tem 18,54 metros de comprimento, um pouco maior que uma quadra de vôlei. A largura é de 3,45 metros e a altura é de 2,95 metros. O espaço é suficiente para acomodar equipamentos de grandes dimensões, além de blindados, peças de artilharia, armamentos e aeronaves semi-desmontadas. O novo blindado Guarani e o helicóptero Black Hawk, por exemplo, cabem dentro do compartimento de carga do KC-390. Também poderão ser levados 80 soldados em uma configuração de transporte de tropa, 64 paraquedistas, 74 macas, uma equipe médica, além de contêineres e carros blindados.
Outra inovação do KC-390 é o perfil da cabine de pilotagem. A visão mais ampla fará diferença em situações estritamente militares, como o lançamento de cargas e o voo de penetração em território inimigo a baixa altura. “Lembrando que esse é um avião de combate. Ter a maior visibilidade para detectar uma ameaça e fazer uma manobra será um diferencial”, analisa o coronel Carneiro.
A cabine também se destaca pelos equipamentos. As telas de alta resolução permitem à tripulação ter fácil acesso às informações necessárias para o cumprimento das mais variadas missões, e podem também ser configuradas da forma mais adequada para as diferentes fases das missões.
Da Redação da Agência PT de Notícias