O principal papel do Programa Mais Médicos, do governo federal, foi trazer ao debate da saúde a importância da formação de profissionais e uma nova forma de cuidado da saúde da população. Essa é a opinião do médico formado pela Escola Latino Americana de Medicina (Elam) em Cuba, Antônio Marcos de Almeida.
“A população brasileira nunca teve na sua história tantos médicos no meio de seu seio com a chegada dos médicos cubanos”, afirma Almeida, em entrevista à Página do MST.
Para ele, o Mais Médicos traz benefício direto para a população desassistida. “Somente pode julgar o programa essa população que está sendo beneficiada diretamente por ele. É muito complexo opinarmos sem conhecer a realidade”, declara.
“Fui supervisor do Programa Mais Médicos e sabemos da felicidade que é para uma comunidade, uma família, ter um médico morando num município pequeno, trabalhando numa comunidade rural, na periferia das grandes cidades, da região Amazônica”, completa o médico.
Filho de assentados da reforma agrária no município de Vacaria, no Rio Grande do Sul, Marcos de Almeida iniciou sua trajetória no MST ainda quando criança. Após completar a graduação em 2009, o Sem Terra se especializou em Medicina da Família e Comunidade no Ceará, e em 2011, voltou ao estado natal para trabalhar em áreas de assentamentos do MST.
Atualmente, Marcos de Almeida trabalha com comunidades rurais na coordenação de atenção primária de saúde no município de Palmeiras das Missões (RS) e constrói junto a outros médicos a Rede Nacional de Médicos e Médicas Populares.
Segundo ele, o Mais Médico obedece uma série de parâmetros nacionais e internacionais, buscando médicos brasileiros para trabalhar nas áreas onde não havia médicos para cuidar da saúde da população.
Almeida, no entanto, afirma que o programa Mais Médicos não resolve todos os problemas da saúde, “porque não é uma política estruturante, é uma política conjuntural”.
Na sua opinião, o médico cubano traz uma nova forma de cuidado da saúde da população, pois consegue entender o paciente no meio em que vive, “como produto social desse meio, sua forma de vida, como se alimenta, no que trabalha”.
“Essa identidade de que o povo se reconhece no médico e o médico se reconhece no povo é uma das grandes contribuições da medicina cubana e do Programa Mais Médicos”, destaca.
“Há inúmeros relatos de diminuição do uso de medicamentos, de diminuição do pedido de exames e na melhora do cuidado, porque produz uma forma diferente de cuidar. Não vê somente o corpo, o biológico”, conta Marcos de Almeida.
Para o Sem Terra, “os médicos brasileiros são formados para cuidar de doenças, não da saúde”.
Confira a entrevista na íntegra.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Página do MST