Nas ruas de São Paulo, São Luis, Recife, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Natal e de muitas outras cidades Brasil afora, centenas de blocos uniam a alegria da festa mais popular do País à necessidade de lutar pela democracia, pela manutenção dos direitos ameaçados pelo golpe e também em defesa do ex-presidente Lula.
Na Sapucaí, uma escola de samba vice-campeã que levou à avenida carteiras de trabalho rasgadas e um presidente vampiro que suga as conquistas históricas do trabalhador em denúncia ao projeto neoliberal de desmontes e ataques de direitos que está em curso desde o impeachment da presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff.
Em suma, o Carnaval de 2018 foi a síntese do que pensa e sente grande parte do povo brasileiro desde o início do governo ilegítimo de Temer. “As manifestações que ocorreram em todo o Brasil neste ano talvez não tenham precedentes na história recente do país no sentido de dar vazão ao que tem acontecido desde o golpe. A festa mostrou que pode ser lúdica e também estimular o debate”, avaliou o secretário Nacional de Cultura do PT, Márcio Tavares.
Tamanha mobilização, prossegue Tavares, vai na contramão do que esperavam os verdadeiros responsáveis pela atual crise que assola o Brasil.
“Desde janeiro, tem havido manifestações por todo o Brasil, mas muitos achavam que elas se apagariam com o Carnaval. E o que vimos foi justamente a confirmação deste processo de mobilização. O evento deixou de ser apenas festivo, o que não há problema algum, para voltar a ser polêmico e sobretudo politico.”
Além das ruas, Tavares cita o caso emblemático da escola Paraíso do Tuiuti, consagrada com o segundo lugar no Carnaval carioca, que “obrigou” a tevê e os jornais a darem tempo expressivo durante a cobertura para mostrar as críticas feitas pela agremiação.
“O desfile da escola foi o segundo tema mais citado no Twitter e ganhou bastante destaque na cobertura da TV Globo. A emissora talvez tenha acatado esta imposição popular para se mostrar mais abrangente do que realmente é”, opina.
A briga continua
A criação de blocos em defesa de Lula e que levavam em suas bandeiras e cartazes temas em evidência como a Reforma da Previdência, teve a participação expressiva de movimentos populares e da militância organizada. Mas não só.
Na visão de Tavares, todos eles também ganharam força durante os dias de Carnaval em função do apoio de pessoas que não fazem parte de nenhum grupo organizado ou partido político, mas que se identificam com as causas defendidas.
“O engajamento popular foi muito além da militância organizada e isso só aumenta a nossa responsabilidade nas lutas que virão, pois há muito ainda a se fazer daqui pra frente”.
Tavares acredita que a tendência de unir diversão e engajamento tende a se fortalecer nos próximos dias, mesmo com o fim do Carnaval: “O povo viu que é possível protestar sem ser triste e usando inclusive o humor para mostrar os problemas em andamento no País”.
E a próxima etapa desta mobilização deve começar imediatamente. “Qualquer evento, seja político ou não, deve servir de pretexto para defender os direitos da população. E vamos lutar para que isso aconteça”, conclui.
Da Redação da Agência PT de Notícias