No primeiro dia de Michel Temer (PMDB-SP) como presidente golpista interino, após o afastamento sem base legal da presidenta eleita Dilma Rousseff, chamou a atenção da opinião pública o ministério anunciado por Temer. Dos 23 nomes escolhidos até o momento, 23 são homens.
Para a ex-secretária especial de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, o novo ministério é um retrocesso. “Acho um golpe e um descalabro ele assumir e montar (uma equipe) porque ele e o Eduardo Cunha são os líderes do golpe. Assume um governo interinamente, monta ministério, desfaz outro e, além do mais, não tem nenhuma mulher, porque governo golpista não pensa em 52% da população”, afirmou.
Para ela, o impeachment tem um caráter preconceituoso contra os grupos vulneráveis da sociedade. “Esse é um golpe machista, patriarcal, misógino, capitalista de classe, contra um projeto de governo da inclusão social. Eles não gostam de pobres, de mulheres, negros, gays, lésbicas, indígenas. Enfim, nós fizemos tudo que pudemos. Tenho certeza de que voltaremos”, disse Eleonora.
Ex-ministra das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes afirmou que o ministério da presidenta afastada tinha um perfil pela luta democrática. “As questões de gênero e de raça são contempladas por nosso governo, porque a presidenta só está afastada. Ela continua sendo presidenta”.
Para o deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ), o fato é um retrocesso, já que nenhum ministério desde a redemocratização (1985) foi composto sem uma única mulher. “Até agora, um ministério só de homens, o primeiro assim desde a ditadura. Um reforço à desigualdade entre homens e mulher’, afirmou .ale
“O novo ministério é um retrato do que eles pensam. É retrato do desrespeito com a mulher e da falta de compromisso com a questão social”, avaliou o ex-ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
Já para o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, é assustador observar a nova composição do ministério. “Fiquei assustado ao observar aquela reunião de homens de trajetória incerta, assumindo os rumos de todas os setores essenciais da nação. Um ministério de homens todos brancos. Um ministério apenas de homens, sem sequer uma mulher. Um ministério assumidamente de direita, correspondendo ao inverso exato do projeto político que foi eleito nas urnas”, disse, e continuou:
“Um ministério agora sem a cultura, sem os direitos humanos, sem a igualdade racial, sem as políticas para as mulheres, sem o desenvolvimento agrário. Um ministério que acena fortemente para o retrocesso, sem deixar qualquer sombra de dúvida”.
“É quase inacreditável que tenhamos retrocedido quase três décadas. Foram duas grandes perdas: o fato de não termos nenhuma ministra e o desaparecimento da Secretaria das Mulheres, que foi incorporada pelo Ministério da Justiça”, criticou a escritora Rosiska Darcy de Oliveira, presidente da entidade Rio Como Vamos.
Quando Dilma assumiu, em 2016, havia seis ministras: Kátia Abreu (Agricultura), Ideli Salvatti (Direitos Humanos), Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Nilma Lino Gomes (Igualdade Racial) e Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres).
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Agência Brasil