O ex-governador do Rio Grande do Sul e militante histórico do PT, Olívio Dutra, denunciou hoje (14) que a tentativa do complô judicial, parlamentar e midiático para tentar tirar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da corrida presidencial é um golpe contra a democracia e o povo brasileiro.
“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um preso político, foi condenado sem provas numa articulação de setores de Judiciário brasileiro para atender aos interesses das elites tradicionais do Brasil com riqueza e poder concentrados, ameaçados com sucessivas vitórias de Lula e PT”, disse. Dutra defendeu a libertação imediata de Lula.
Em sua opinião, os articuladores da perseguição a Lula estão “ilhados nas rodilhas do próprio laço”, já que não há provas contra o ex-presidente e seu nome lidera todas as pesquisas sobre as eleições presidenciais de outubro. Para Olívio, que foi também deputado constituinte e prefeito de Porto Alegre, Lula tem legitimidade e a garantia da legislação atual para ser candidato. “Se não estiver na disputa, a representatividade do povo no processo eleitoral será agredida”, manchando mais uma vez a democracia brasileira.
Na noite desta terça-feira (14), no Sindicato dos Bancários de Brasília, Olívio Dutra participará do lançamento do longa-metragem do diretor Thiago Köche “Galo Missioneiro – a trajetória de um militante”. Trata-se de um documentário que conta a história de vida e caminhada política de Olívio Dutra e, por extensão, da importância das lideranças e dos movimentos sociais para a construção coletiva de projetos de transformação da sociedade.
Olívio Dutra falou ao PT na Câmara sobre o documentário e a conjuntura política. Abaixo, os principais trechos da entrevista.
Como o senhor analisa o registro da candidatura de Lula à Presidência da República, amanhã, dia 15?
Sou militante desta causa. Lula é preso político, é inocente. Os que o acusaram, julgaram e prenderam não têm prova dos crimes dos quais é acusado. Nenhuma prova. Só suposições. Trata-se de um esquema, de uma articulação de parte de setores do Judiciário brasileiro para atender aos interesses das elites tradicionais do Brasil com riqueza e poder concentrados, ameaçados com sucessivas vitórias de Lula e do PT. Querem interromper esse processo, com ação parlamentar, judicial e midiática, mas estão presos nas rodilhas do próprio laço, não têm como provar crimes de Lula. Ele é, portanto, um prisioneiro político. É inocente. Não perdeu sua dignidade. O povo é quem decide se ele vai ser presidente e ter de novo um governo bem-sucedido como fez.
O que está em jogo?
A nossa soberania nacional está em jogo, submetem (os golpistas) o País ao grande capital, até aos interesses de empresas públicas de outros países que vêm em busca de nossas riquezas nacionais. Nossa democracia tem sido agredida profundamente. Tentam tirar Lula das eleições, mas não aceitamos, queremos Lula na disputa. Se não estiver na disputa, a representatividade do povo no processo eleitoral será agredida. O País precisa controle público, queremos um Estado para todos, para a maioria, isso é democracia. Queremos a desconcentração da riqueza. Os governos do PT reduziram as diferenças entre as regiões, trouxeram melhores condições de vida e social. Provamos que podemos desenvolver o País economicamente com distribuição de renda. Não é fazer o bolo crescer e distribuir depois, como queriam na ditadura e hoje querem de novo. Queremos um Estado que funcione de acordo com o interesse público, que prevaleça sobre o privado.
Qual a sua opinião sobre o documentário ‘Galo Missioneiro – a trajetória de um militante’?
É trabalho artesanal do Thiago e equipe. É estudante de cinema, com premiação em dois curtas. Pesquisou arquivos do PT, em tevês educativas, me pediu fotos, mas não centrou em minha pessoa, na individualização, mesmo porque eu não gosto disso. Ele sublinha o papel do indivíduo na história, a construção das lideranças e a importância dos movimentos sociais como fonte das transformações, nas cidades e no campo. Ele detecta momentos importantes desta luta com os movimentos sociais. O documentário é uma ferramenta importante para ser usada em reuniões de formação e em debates políticos. Mostra o que é o Estado nas três dimensões (município, estados e União), os três poderes, para compreender situações que se formam como a do golpe de 2016 e levaram à prisão a maior liderança do povo brasileiro, o ex-presidente Lula, que é inocente e foi condenado sem ter praticado nenhum crime, sem haver nenhuma prova contra ele. O documentário trata de temas essencialmente políticos, não necessariamente partidários.
Ou seja, trata da atualidade brasileira…
Sim, o filme estimula a discussão de temas como a democracia. Hoje, no Brasil, há cinco magnatas com bens maiores do que os de 100 milhões de brasileiros. Que democracia é esta, com tanta renda concentrada? É preciso discutir a democracia como estratégia, não como tática. Tudo isso está no documentário. Pode ilustrar reuniões, debates em grupos pequenos e grandes. Não sou a personagem principal. O documentário mostra um processo, com sujeitos coletivos – Lula, eu e outros quadros que exerceram e exercem um papel. Um estímulo para a construção coletiva da política.
O senhor acha que o filme ajuda a atrair os jovens para a política?
Sim, as elites tradicionais do País, taticamente, por seus interesses, criminalizam a política, a colocam como jogo sujo. Política não é toma lá dá cá, esperteza; a política é da essência do ser humano. Se o ser humano não se realiza nessa dimensão, é incompleto. O documentário mostra isso: a política como construção do bem comum, com a participação das pessoas. E democracia se aperfeiçoa com eleições, partidos políticos com conteúdo programático e ideológico. O filme mostra as experiências de governos do PT nos planos municipal, estadual e federal. Em diferentes mandatos e momentos.
Do PT na Câmara