O Congresso Nacional arquivou, nesta terça-feira (9), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instaurada para apurar o esquema de corrupção que funcionou no metrô de São Paulo, o chamado Trensalão, durante quase vinte anos de governos tucanos no estado. Para o senador Paulo Paim (PT-RS), a oposição fez um “trabalho silencioso” para impedir o prosseguimento da CPMI.
“São fatos gravíssimos que aconteceram em São Paulo e que merecem uma investigação a fundo. Houve, principalmente, um movimento de não permitir que fossem feitos os devidos esclarecimentos”, explica o senador.
O senador foi responsável por ler em plenário o requerimento que determinava o arquivamento da comissão. De acordo com o documento, o prazo para a prorrogação dos trabalhos do grupo terminou dia 3 de dezembro e não houve pedido para continuidade da comissão.
A CPMI também investigaria ilícitos em contratos, licitações, execução de obras e manutenção de linhas de metrôs no Distrito Federal. Instalada em agosto deste ano, a comissão composta por senadores e deputados não pôde dar início às investigações, pois não foram definidos presidente e relator.
Paim defende a importância de uma investigação pelo Congresso Nacional em relação às denúncias de cartel no metrô de São Paulo. Segundo o senador, o arquivamento da CPMI não impede aos parlamentares de instalar outra comissão com o mesmo propósito.
“Deveriam ter prorrogado o prazo para investigar, como sempre dissemos, doa a quem doer”, afirma o senador.
Apelidado de “trensalão tucano”, o esquema de corrupção e cartel no metrô de São Paulo funcionou desde o governo de Mário Covas, iniciado em 1994, até a gestão de José Serra, concluída em 2010.
O esquema também é investigado pelo Ministério Público de São Paulo. Os promotores querem que as empresas envolvidas nas irregularidades devolvam R$ 418 milhões aos cofres públicos. O valor é referente aos contratos de manutenção celebrados entre as empresas e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
De acordo com a ação divulgada na última quinta-feira (4) pelo Ministério Público, o valor pode chegar a R$ 800 milhões, se somadas correções e juros ao longo dos 12 anos. Além disso, os promotores solicitam a anulação dos contratos e a dissolução das empresas Alstom, Siemens, CAF Brasil, TTrans, Bombardier, MGE, Mitsui, Temoinsa, Tejofran e MPE.
A Polícia Federal indiciou, por envolvimento no esquema, o atual presidente da CPTM, Mário Bandeira, e outras 32 pessoas. A promotoria ainda recomendou o afastamento de toda diretoria da companhia.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias